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São Paulo A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) voltou a cair no pregão de ontem, em dia de muita volatilidade. O Ibovespa (principal índice da Bovespa) registrou recuo de 1,8%, aos 52.922 pontos. O movimento financeiro somou R$ 4,62 bilhões. Na semana em que os temores com o crédito imobiliário do tipo "subprime" (alto risco) nos Estados Unidos voltaram a rondar o mercado, o Ibovespa registrou recuo de 7,87% maior queda semanal do ano.
O dólar comercial fechou em baixa de 1,55%, cotado a R$ 1,897 para venda nos últimos negócios de sexta-feira. A taxa de risco-país, medida pelo indicador Embi+ (JP Morgan), marcou os 218 pontos às 17h31, estável.
O pregão brasileiro passou por um dia de forte volatilidade, seguindo a mesma tendência de instabilidade das Bolsas norte-americanas. O Ibovespa inverteu a tendência pelo menos nove vezes ao longo do dia e chegou a registrar alta de quase 1%, aos 54.407, logo após a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos.
Os números positivos do PIB americano e da confiança do consumidor foram insuficientes para dissipar o temor com o crédito para o setor imobiliário de alto risco, que derrubou a pontuação das Bolsas mundiais anteontem.
O PIB norte-americano registrou, em sua primeira medição, crescimento de 3,4% no segundo trimestre, valor quase cinco vezes superior ao crescimento do primeiro trimestre, quando o PIB avançou 0,7%. Segundo pesquisa da Universidade de Michigan, a confiança dos consumidores norte-americanos melhorou em julho.
"Os investidores preferiram não passar o fim de semana comprados, pois as preocupações com o setor imobiliário americano ainda são muitas. Ninguém sabe ainda qual o tamanho do problema e quais serão os reflexos futuros dessa questão para a economia dos Estados Unidos", explica Emerson Lambrecht, diretor de operações da corretora Solidus.
Na semana passada, o Ibovespa registrou nova máxima histórica, aos 58.124 pontos. Após seguidas altas, porém, os investidores optaram pela realização de lucros, ante às preocupações com o setor imobiliário. Ontem, o Departamento de Comércio informou que as vendas de casas novas nos Estados Unidos recuaram 6,6% em junho, muito acima do esperado por analistas.
Não é possível dizer, segundo Lambrecht, se a preocupação com o setor imobiliário é temporária ou se irá se prolongar. "A volatilidade deverá continuar nos próximos dias, à mercê de dados econômicos e novas notícias do setor imobiliário. Caso o PIB norte-americano mantenha força, assim como outros setores da economia, esses temores podem se dissipar".
Para finalizar, Lambrecht afirma que, atualmente, o Brasil está mais protegido para enfrentar uma possível crise. "Ainda estamos suscetíveis aos movimentos externos. Porém, em termos macroeconômicos, estamos mais preparados, com os investimentos estrangeiros em alta e as reservas internacionais no nível mais alto da história", diz.
As ações da Petrobrás fecharam em queda. Os papéis ON (ordinárias) da empresa caíram 3,44%, vendidos a R$ 58,93. As ações PN (preferenciais) recuaram 2,74%, negociadas a R$ 58,93. As ações da Companhia Vale do Rio Doce também tiveram perdas. Os papéis ON caíram 2,21%, a R$ 88,98. Já as ações PNA (preferenciais) da empresa desvalorizaram 1,41%, a R$ 75,76. Petrobras e Vale do Rio Doce respondem por boa parte do movimento do Ibovespa.
Já as ações da TAM reverteram a tendência de queda verificada desde o acidente que envolveu um avião da companhia na terça-feira da semana passada. De qualquer forma, as ações já acumulam queda superior a 20%. Os papéis PN avançaram 0,51%, a R$ 51,20. Os papéis PN da Gol, no entanto, mantiveram queda de 0,83%, a R$ 47,60.