Uma série de más notícias sobre a economia real ao redor do mundo estressam os mercados. O cenário de recessão aguda ganha força e a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) abre em desvalorização de mais de 5%, em torno de 32 mil pontos, em menos de meia hora do pregão, o Ibovespa já caía mais de 8%. A expectativa no início do dia era de fortes quedas para as ações e alta para o dólar. Mesmo o lucro recorde no terceiro trimestre de 2008 da Vale , anunciado ontem, é ofuscado pela medo de recessão. As ações da mineradora chegaram a subir por volta das 12 horas, mas voltaram a operar em queda. subia. O dólar abriu em alta intensa, mas passou a ensaiar uma leve queda, depois da atuação do Banco Central (BC) em leilão de swap cambial.
O dólar segue sua tendência internacional de valorização. A cotação da libra esterlina chegou a US$ 1,52, o nível mais baixo em cinco anos. O euro também caiu a US$ 1,2578. Ontem, a moeda americana recuou a R$ 2,305 depois do anúncio de medidas governamentais, entretanto, o efeito parecia ter sido momentâneo.
Até que hoje o BC entrou novamente hoje no mercado para vender moeda. A autoridade monetária vendeu parcialmente os contratos de swap cambial oferecidos em leilão nesta tarde, agendado desde ontem. Na transação, realizada das 12h45 às 13h, a autoridade monetária vendeu US$ 751,8 milhões em contratos de swap cambial com ajuste periódico.
Ações da Vale caem menos e impedem circuit breaker
O preço das commodities agrícolas, minerais e do barril de petróleo caem fortemente no dia e comprimem os preços de ações de diversas empresas nacionais negociadas na Bovespa. As ações da Vale sentem este efeito. A companhia divulgou ontem o resultado financeiro referente ao terceiro trimestre deste ano, que ficou em torno de US$ 12 bilhões. Em um cenário de normalidade, o efeito deste resultado seria a alta das ações, mas a baixa prevalece.
No entanto, ao se olhar dinâmica do preço da Vale hoje, a queda ainda é bem menor em relação ao desempenho do Ibovespa. Diante da situação pessimista, uma queda em torno de 3% para os papéis da Vale é considerada um bom resultado para o dia. Mas é bom lembrar: o resultado divulgado refere-se ao passado. Para analistas, a Vale deve ser afetada em seus resultados daqui para frente. O fato de a Vale não estar caindo tanto no dia, segurou a baixa do Ibovespa e , na opinião de analistas, está evitando que o índice desça a ponto de acionar o circuit breaker.
As ações da Petrobras enfrentam quedas de mais de 10%. O barril de petróleo do tipo leve é negociado em Nova York a US$ 64,56, em baixa próxima de 5%. Em Londres, o barril do tipo Brent também tem forte queda, cotado próximo de US$ 62.
Bolsas internacionais
As bolsas internacionais foram influenciadas por mais dados corporativos ruins e pela persistência dos temores em relação a uma recessão econômica global. O ìndice FTSE da Bolsa de Londres fechou queda de 5%. A primeira grande notícia ruim foi a queda no PIB (Produto Interno Bruto) da Grã-Bretanha. A economia britânica encolheu pela primeira vez em 16 anos . O índice CAC40 da Bolsa da Paris recuou 3,54% e o Dax, da Bolsa de Frankfurt, caiu 4,96%.
Outro dado negativo foi o anúncio de queda dos lucros de diversas montadoras, com medidas que vão ao fechamento de algumas unidades e redução de vagas de empregos no setor.
Diante do cenário de retração, os principais índices europeu abriram em baixa e continuam operando no negativo. Na Rússia, as quedas chegaram a 13% e o pregão foi encerrado, com previsão para ser retomado apenas na próxima terça-feira.
Na Ásia, os indicadores mais importantes do mercado de ações registraram perdas de mais de 8%. Na Ásia, a Bolsa de Tóquio encerrou o pregão em baixa de 9,59%. O índice Nikkei perdeu 811,90 pontos e encerrou o pregão com 7.649,08 unidades, abaixo da barreira dos 8 mil pontos pela primeira vez desde maio de 2003. O índice Hang Seng da Bolsa de Hong Kong registrou baixa de 8,3% e se situou em 12.618,38 pontos, a primeira vez em quatro anos abaixo dos 13 mil pontos.