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Num dia de forte instabilidade, em que registrou a pior queda do ano (8,33%) antes do fechamento dos negócios, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) se recuperou e terminou o pregão desta quinta-feira (16) com um recuo de 2,58%, a 48.016 pontos. Foram negociados R$ 8,397 bilhões, quantia bem maior que a média diária da bolsa, de R$ 4,1 bilhões.

Às 14h10, o principal índice da bolsa paulista chegou a registrar queda de 8,33%, para 45.179 pontos, patamar em que estava no início de abril. Após fechamento, a maior queda deste ano ocorreu em 27 de fevereiro, quando o índice paulista caiu 6,6%.

A recuperação se deu nos últimos momentos do pregão, motivada por rumores de que o Fed, banco central dos EUA, poderia reduzir juros para estimular o consumo no país, em caso de necessidade.

Outra justificativa teria sido o rumor de que o banco de investimentos Bear Stearns, que já tinha anunciado recentemente problemas de liquidez em dois de seus fundos lastreados em crédito de alto risco (subprime), estaria em conversações com potenciais investidores interessados em comprar uma parte da companhia. Os papéis da empresa subiram 12,88% (US$ 116,44).

Já o dólar fechou nesta quinta-feira no maior nível desde março. A moeda norte-americana subiu 3,15% e fechou cotada a R$ 2,094 - maior patamar de fechamento desde 14 de março. Na máxima do dia, o dólar chegou a ser cotado a R$ 2,141 para venda, revertendo toda a queda acumulada em 2007.

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O motivo para o nervosismo do mercado continua sendo a preocupação com EUA: cresce o temor de que os problemas das empresas ligadas ao setor de empréstimos imobiliários do país contaminem a maior economia do mundo.

Nesta quinta-feira, mais uma notícia agravou a tensão: a Countrywide Financial, maior empresa de crédito imobiliário dos Estados Unidos, teve de recorrer a uma linha de financiamento de US$ 11,5 bilhões para honrar os seus compromissos financeiros, mas ninguém quer lhe emprestar dinheiro.

Solidez

"A bolsa está sofrendo um mal que não é dela; ela tem fundamentos muito melhores que o de outras bolsas emergentes, com empresas sólidas", diz o diretor da corretora Geração Futuro, Milton Luiz Milioni.

Segundo o analista, o alto volume de dinheiro negociado é sinal de que, mesmo com a turbulência, a bolsa ainda está sendo procurada pelos investidores. "Se tem tanta gente vendendo, é porque tem gente comprando", diz.

"Não é porque a bolsa caiu que a Gerdau deixou de fabricar aço ou a Petrobras parou de colocar gasolina no posto. No mundo real, isso ainda não está contaminando", afirma.

Vendas em cadeia

Movimentos de queda sequenciada em vários mercados do mundo, como o observado nesta quinta-feira, são o que os analistas financeiros chamam de "efeito manada": a grande maioria dos fundos de investimentos e instituições financeiras trabalha com um sistema de limite de perdas, o stop loss: cada investidor estipula uma queda máxima para o ativo em que aplicou dinheiro e, se a queda atingir o limite, o mecanismo vende os ativos automaticamente, pelo preço do mercado.

Cada vez que alguém dispara o stop loss, derruba o preço daquele papel ainda mais para baixo. "Aí cada vez que o preço cai mais aciona o mecanismo de limite de outra pessoa, e começa a ter muita gente querendo sair e ninguém querendo comprar", explica o economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto. "É muita gente pra passar pela mesma porta", diz.

Outros mercados

Na Europa e Ásia, as bolsas também tiveram forte queda. O índice FTSEurofirst 300, que reúne as principais ações das empresas européias, despencou 3,21%, para 1.443 pontos. É o menor nível desde março e a maior queda percentual desde maio de 2003.

Na bolsa de Tóquio, segunda maior do mundo, o índice Nikkei fechou em queda de 1,99%, com 16.148,49 pontos, seu menor nível desde novembro do ano passado. Em Xangai, a bolsa caiu 2,14%, depois que investidores realizaram lucros um dia depois que o mercado atingiu recorde de alta. Em Taiwan, o mercado recuou 4,56%. Já Cingapura se desvalorizou em 3,7%.

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