A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) retoma com perdas suas negociações nesta sexta-feira (10), após ter interrompido os negócios com o circuit breaker às 10h35, pela terceira vez nas semana, devido a uma queda superior a 10%. Por volta das 11h25, o Ibovespa - principal referência do mercado brasileiro - mostrava uma baixa de 5,04%, aos 35.210 pontos.
A influência da ação coordenada de vários bancos centrais mundiais na quarta-feira, com cortes de juros, se dissipou e voltou a dar lugar ao caos. No mundo todo, os mercados sofrem fortes perdas com o alastramento da crise.
Na Europa, por volta das 9h30 (horário de Brasília), a bolsa de Londres recuava 7,39%. Em Paris, o CAC 40 perdia 8,53%; na Alemanha, o DAX caía 9,06%. Já o indicador espanhol Ibex recuava 8,14%. As autoridades reguladoras dos mercados russos impediram que as bolsas de Moscou, uma cotada em dólares (RTS) e outra em rublos (Micex), abrissem esta sexta. Na Ásia, as bolsas registraram seu pior dia desde o início da crise. Em Tóquio, o índice Nikkei chegou a recuar 11,38%. Acabou fechando no vermelho de 9,62%, seu pior desempenho desde 28 de maio de 2003. Numa tentativa de alavancar o mercado, o Banco do Japão (BOJ) forneceu 3,5 trilhões de ienes (US$ 35,4 bilhões) para aliviar a situação do setor financeiro. A turbulência derrubou a companhia de seguros japonesa Yamato Life Insurance, que pediu a proteção da lei de falências.
Em Hong Kong, o índice Hang Seng encerrou em queda acentuada de 7,19%. Em Seul, a bolsa sul-coreana mergulhou 4,13%. A Bolsa de Valores de Xangai resistiu aos índices alarmantes dos principais mercados asiáticos, mas também encerrou o pregão no vermelho: 3,57%.
Panorama nos EUA
Em Nova York, após registrarem fortes recuos na abertura, as bolsas esboçam uma reação. Por volta das 11h, o índice Dow Jones, principal indicador dos Estados Unidos, caía 0,46%. Minutos antes, chegou a subir 0,5%. A recuperação veio com a notícia que a General Electric recusou uma linha de crédito colocada à disposição pelo governo americano, o que sinalizou uma esperança para o setor industrial.
Na quinta-feira, o Dow Jones desmoronou 7,33%, a 8.579 pontos, em meio aos números negativos de algumas das maiores empresas do país e de temores que o corte coordenado de juros das principais economias mundiais possa não ser ser suficiente para impedir uma recessão global.
Medidas drásticas
Para tentar conter o caos dos mercados, o governo dos EUA está estudando duas medidas drásticas para tentar resolver os problemas dos mercados financeiros, segundo reportagem do "Wall Street Journal" desta sexta: garantir bilhões de dólares em dívida bancária e assegurar temporariamente todos os depósitos em bancos no país. Se as decisões forem implementadas, elas significarão a mais ampla intervenção governamental já ocorrida no sistema.
Os investidores também acompanham o encontro do G7 em Washington, que reúne economista e presidentes de bancos centrais das economias desenvolvidas. As discussões serão sobre a crise e possíveis soluções globais que evitem o colapso econômico no mundo tudo.
Os países do G20, do qual faz parte o Brasil, se reúnem no sábado. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, também cumprem agenda nesta sexta em Washington.
Expectativa
Nos Estados Unidos, a expectativa de um possível rebaixamento da nota de crédito da General Motors (GM), principal razão para o tombo das ações da montadora no fim da jornada, deve continuar centrando a atenção dos investidores.
Entre indicadores, o governo americano divulgará o da balança comercial dos Estados Unidos referente ao mês de agosto, o índice de preços de importados medido em setembro e o resultado do Orçamento do Tesouro, também referente ao mês passado.
Reversão
Na quinta-feira, após chegar a operar em alta de 4,5% pela manhã, a Bovespa acabou por inverter a tendência no meio da tarde e afundou seguindo o "tombo" sofrido pelo índice Dow Jones, referência para o mercado de Nova York, que caiu 7,3% no dia.
Desta forma, o índice Ibovespa acabou por registrar a sexta queda seguida, fechando em baixa de 3,92%, aos 37.080 pontos. A queda acumulada no ano agora é de 41,96% - o patamar em número de pontos é o menor desde outubro de 2006.
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