Depois de um início de semana tumultuado, com a perspectiva de alta de juros nos Estados Unidos, Europa e Japão, o mercado financeiro se recuperou nesta sexta-feira. Após quatro quedas consecutivas, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) subiu 1,59%, para 36.890 pontos (volume financeiro de R$ 2,011 bilhões). O dólar comercial fechou em queda pelo segundo dia consecutivo, a R$ 2,136 na compra e R$ 2,138 na venda (queda de 1,06% sobre o fechamento de quinta-feira) e o risco-país, que mede o grau de instabilidade da economia, caiu oito pontos, para 228 pontos centesimais, segundo o J.P. Morgan.

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- A queda na bolsa nesta semana foi um ajuste à nova posição dos investidores com a possibilidade de alta dos juros lá fora. A história vem importada do realinhamento dos Treasuries. Se for apenas um realinhamento os mercados vão voltar a subir. Do contrário, a queda, que já é expressiva na bolsa paulista, pode ser ainda maior com o redirecionamento de recursos - afirmou Álvaro Bandeira, analista da Corretora Ágora Senior.

Bandeira disse que está mais propenso a acreditar no realinhamento e na volta da normalidade dos mercados. No Brasil, lembrou, não há motivo para a preocupação, já que os fundamentos da economia são sólidos, com inflação dentro das metas e equilíbrio das contas. O analista da Ágora explicou que a bolsa paulista tinha "gordura" para queimar. Na sexta-feira da semana passada, por exemplo, a Bovespa atingiu recorde de pontuação, chegando a 39.239 pontos.

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Mesmo com a alta de hoje, a bolsa paulista acumulou perda de 5,99% na semana. Atraídos pela maior rentabilidade dos títulos do Tesouro americano (os Treasuries) investidores estrangeiros retiraram recursos do Brasil nesta semana. Toda vez que a possibilidade de alta dos juros nos países desenvolvidos ganha força as aplicações são retiradas de países emergentes, como o Brasil.

No mercado cambial, a compra de dólares pelo Banco Central não foi suficiente para elevar a cotação nesta sexta-feira e a moeda americana encerrou o dia com queda de 1,06%. Até quarta-feira, o dólar acumulava alta de 3,5% na semana. Com as recentes quedas, a valorização ficou em 1,23%.

No leilão desta sexta-feira, o Banco Central aceitou 12 propostas, segundo operadores. A taxa de corte foi de R$ 2,143. Foi a terceira compra do BC nesta semana. Desde terça-feira, no entanto, a autoridade monetária não realiza o tradicional leilão de swap cambial reverso, que ocorria diariamente desde o início de dezembro. Segundo analistas, com a alta da moeda no início da semana, não havia necessidade de o Banco Central atuar no mercado.

- Havia hoje expectativa sobre os números nos Estados Unidos, mas os indicadores, que poderiam trazer impacto sobre os juros, mostraram equilíbrio. O que parece é que os mercados emergentes não devem ser afetados com a saída de recursos e a moeda americana voltará a sua tendência natural - disse Hélio Osaki, analista do Banco Rendimento.

Para ele, o Banco Central americano vai continuar com a sua política gradualista de alta dos juros. A próxima reunião do Federal Reserve, o Banco Central americano, está marcada para o final do mês de março, nos dias 27 e 28%. A taxa de juro nos Estados Unidos está atualmente em 4,5%. A especulação sobre novas altas começou por conta da reativação da economia americana.

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Foram gerados nos Estados Unidos em fevereiro 243 mil postos de trabalho (contra 170 mil em janeiro), acima da expectativa de 210 mil feita por analistas de Wall Street. A taxa de desemprego do país no mês passado aumentou de 4,7%, contra 4,8%. Segundo o Departamento de Trabalho dos EUA, a hora média paga também atingiu a maior alta anual em quatro anos e meio. A preocupação agora fica com a inflação, já que salário mais alto indica maior consumo e preços mais elevados.

No Brasil, saíram novos dados de inflação. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,41% em fevereiro, abaixo da taxa de 0,59% de janeiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou dentro das expectativas do mercado, que esperava uma inflação entre 0,30% e 0,48%.

Logo cedo, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) informou o resultado do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do município de São Paulo. O IPC registrou na primeira prévia de março inflação de 0,16%, ante 0,20% na primeira quadrissemana de fevereiro. No mês passado, houve deflação de 0,03%. Já o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) registrou deflação de 0,09% na primeira prévia de março, influenciado pela queda dos preços no atacado, segundo a Fundação Getúlio Vargas.

Entre as ações mais negociadas na Bovespa estiveram Petrobras PN, Bradesco PN e Cemig PN. As principais altas foram de Tran Paulista PN (6,58%), Sadia PN (5,73%) e Light ON (5,31%). Entre as quedas estiveram Cemig PN (2,66%), CRT Celular PNA (2,29%) e Contax (2,15%).

Juros

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Com as perspectivas de novos cortes nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, as taxas de longo prazo apresentaram redução nesta sexta-feira.

A perspectiva de queda ficou mais forte depois que três dos 9 técnicos do Banco Central votaram pela queda de 1 ponto percentual na Selic na reunião desta semana. Venceu a maioria, que optou pelo corte de 0,75 ponto na taxa básica de juro, mas, segundo os analistas, o BC pode ser bem mais ousado na próxima reunião.

O Depósito Interfinanceiro (DI) de janeiro de 2007, o mais líquido, passou de 15,20% para 15,11% (-0,59%) e o de abril do ano que vem, que estava em 15,04%, passou para 14,90% (-0,93%). O contrato de julho de 2006 passou de 15,84% para 15,82%(-0,13%) e o de outubro de 15,43% para 15,35% (-0,52%). O único contrato que subiu foi o do mês que vem, de 16,50% para 16,51 (+0,06%).