Depois dos sustos da semana passada com a expansão da crise das hipotecas americanas, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) começou a segunda-feira em forte alta, seguindo a melhora dos mercados mundiais, mas a grande volatilidade ainda permanece e o ritmo de valorização recuou após às 12h. A recuperação nas bolsas se deve a novas injeções de recursos de bancos centrais no sistema financeiro. Antes da abertura do mercado brasileiro, o Banco Central Europeu (BCE) injetou 47,665 bilhões de euros. Um pouco mais tarde, após a abertura do mercado americano, o Fed (banco central dos Estados Unidos), disponibilizou mais US$ 2 bilhões de crédito ao sistema bancário.

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Com pouco mais de 10 minutos de pregão, o índice Bovespa já subia 1,96%, mas depois reduziu o ritmo de alta. Às 13h45, o Ibovespa subia 1,05%, para 53.189 pontos. Enquanto isso, o dólar caía 0,67%, para R$ 1,938. O risco-país depois de passar parte da manhã em baixa operava na estabilidade, aos 186 pontos. Em Nova York, o índice Dow Jones subia 0,30%, a 13.279,4 pontos, e o índice eletrônico Nasdaq tinha alta de 0,32%, aos 2.553,79 pontos.

Na semana passada, as bolsas do mundo todo desabaram após o banco francês BNP Paribas anunciar a suspensão de saques de três fundos de investimentos que tinham títulos americanos de dívida imobiliária. O anúncio trouxe pânico aos mercados, que temem a contaminação de todo o sistema financeiro com a crise das hipotecas de alto risco americanas, e fez os bancos centrais de todo o mundo atuarem oferecendo crédito para impedir a falta de liquidez.

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O economista-chefe da Consultoria Lopes Filho, Julio Hegedus Netto, avalia que alta foi puxada pela ação do BCE e também pelo fato da grande desvalorização ocorrida na sexta-feira, quando as bolsas do mundo todo fecharam em queda. Além disso, ele conta que os investidores viram com bons olhos o fato de os representantes dos BCs da Europa terem se reunido com executivos do mercado para discutir a crise durante o fim de semana .

- É o famoso dia das pechinchas. As ações caíram muito na sexta e os investidores aproveitam para ir às compras. Mas a volatilidade deve continuar - afirma o economista.

Bolsas européias em alta

As principais bolsas européias também abriram com valorização e operam com forte alta. A Bolsa de Londres sobe 2,99%, Paris registra alta de 2,21% e em Frankfurt a bolsa sobe 1,78%.

O Banco Central do Japão também anunciou a injeção de mais US$ 5 bilhões no mercado financeiro, depois de US$ 8,5 bi liberados na sexta. O resultado da operação foi positivo e o índice Nikkei da Bolsa de Tóquio fechou com leve alta de 0,21%. Na Bolsa de Seul, a alta foi mais expressiva: 1,14%. A Bolsa de Hong Kong teve alta de 0,45%.No Brasil, o Banco Central deve injetar R$ 97 bilhões no mercado bancário, por meio de uma operação de recompra de títulos públicos que já estava prevista para este dai 13 de agosto.

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Petrobras também puxa alta da Bovespa

O economista da Lopes Filho ressalta, no entanto, que a volatilidade deve continuar por toda a semana, principalmente ao sabor das notícias sobre a extensão da crise das hipotecas.

- A grande questão agora é saber quais bancos estão contaminados com os créditos subprime (de alto risco) - afirmou Julio Hegedus Netto.

Isso ocorre porque os empréstimos imobiliários americanos são securitizados. Ou seja, as financiadoras vendem títulos de seus créditos no mercado financeiro e investidores do mundo todo compram esses papéis.

A mesma opinião de que a volatilidade deve continuar tem o diretor da Ágora Corretora, Álvaro Bandeira. Ele ressalta ainda que as ações da Petrobras, com alta de mais de 2% devido ao aumento dos preços do petróleo, puxam a recuperação da Bovespa ( Clique e ouça a análise de Álvaro Bandeira ).

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Os indicadores econômicos americanos previstos para esta semana também devem influenciar os mercados durante, prevê o economista da Lopes Filho. Nesta segunda-feira, foi divulgado o aumento das vendas no varejo americano de 0,3% em julho .

- Os indicadores serão importantes para mostrar ao mercado que a economia americana continua sólida, apesar da crise das hipotecas. Mas se vierem ruins também serão motivo para novas quedas - afirmou Julio Hegedus Netto.

Intervenções dos BCs são paliativas

Um analista do mercado financeiro que pediu para não se identificado ressalta que a crise não deve ser passageira e prevê mais períodos de turbulências pela frente. Segundo ele, os bancos centrais deverão continuar injetando recursos no mercado financeiro para evitar o pior.

- Essas intervenções dos bancos centrais são paliativas. Eles querem evitar um colapso. Uma crise de confiança no crédito como essa demora a ser debelada. O crédito fica mais restrito e acaba alimentando a crise - afirma o analista.

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Além da reunião dos BCs da Europa no fim de semana, no domingo, também foi revelado que várias instituições européias como Deutsche Bank, Commerzbank, além do BNP Paribas, são credoras da financeira americana HomeBanc Corp, que entrou com pedido de recuperação judicial contra falência.

Na semana passada, a Bovespa recuou 0,39%

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