A Bolsa de Valores de São Paulo fechou praticamente estável ontem, após mais uma sessão bastante volátil, que acompanhou o vaivém do mercado externo. O pano de fundo, mais uma vez, foram as preocupações com o setor de crédito nos Estados Unidos. O dia também foi marcado por uma maré vermelha nos mercados europeus e asiático.
Apesar da turbulência, a bolsa paulista se recuperou nos últimos momentos, na esteira do indicador Dow Jones, de Nova Iorque, que disparou no fim do pregão. Com isso, a Bovespa zerou as perdas e fechou na máxima do dia, com variação positiva de 0,09%, a 54.233 pontos. Na mínima do dia, no entanto, chegou a cair 2,1%.
Na terça-feira, uma das maiores empresas do setor de empréstimos hipotecários nos EUA, a American Home Mortgage, admitiu ter problemas para saldar compromissos financeiros e suspendeu a concessão de novos empréstimos. Analistas ressaltaram que a empresa não estava diretamente exposta aos créditos imobiliários de segunda linha ("subprime"), o que elevou os temores de que os problemas nesse segmento já estejam se espalhando para as demais áreas do setor imobiliário americano.
A sessão também passou por rumores de que a construtora Beazer Homes teria pedido proteção judicial, o que provocou queda de quase 20% de suas ações. Para completar o nervosismo, na noite de terça-feira, o banco Bears Stearns disse que suspendeu resgates em um fundo de ações depois que investidores tentaram sacar recursos.
"O primeiro pensamento é que haveria redução de liquidez global e fuga para os títulos americanos. Mas o mercado é bastante volátil, e muda conforme as notícias mudam. No fim do dia apareceu o FMI (Fundo Monetário Internacional) sugerindo que os Estados Unidos têm espaço para reduzir juros", explicou Fausto Gouveia, analista do Win, homebroker da corretora Alpes. Essa volatilidade se traduziu na inversão de sinal diversas vezes ao longo do pregão nos Estados Unidos, mas um rali no fim do dia fez o Dow Jones fechar em alta de 1,14%.
"A tendência é a gente sofrer mais, por ser emergente. A bolsa subiu muito rápido. Existem duas correntes, uma que acha que a bolsa vai a 56.500 pontos, outra que acha que volta para a faixa de 48 mil, 50 mil pontos", disse Luiz Roberto Monteiro, assessor de investimentos da corretora Souza Barros.