Puxado pela forte alta das ações de siderúrgicas e das empresas do empresário Eike Batista, o principal índice de ações da Bolsa brasileira acompanhou o bom humor externo e fechou nesta segunda-feira (15) em alta de 2,65%, aos 46.738 pontos. "Os investidores avaliaram o crescimento da economia chinesa, que veio em linha com o esperado no segundo trimestre, o que sustentou o ganho nas Bolsas do mundo inteiro hoje", diz Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos.
No mercado de câmbio, o dólar à vista -referência para as negociações no mercado financeiro- fechou o dia em baixa de 1,17% em relação ao real, cotado em R$ 2,241 na venda. O dólar comercial -utilizado no comércio exterior- teve queda de 1,89%, para R$ 2,224.
O volume financeiro na Bolsa brasileira foi um pouco mais intenso hoje por causa do vencimento de opções sobre ações (ativos que representam as apostas dos investidores para o preço futuro de um determinado papel), que movimentou R$ 2,18 bilhões. Ao todo, os negócios realizados na BM&FBovespa hoje giraram R$ 7,495 bilhões. Nos Estados Unidos, os índices de ações Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq fecharam o dia com ganhos entre 0,1% e 0,2%. Na Europa, os mercados acionários subiram entre 0,1% e 1%.
"A alta da Bolsa brasileira hoje descolou dos demais mercados externos por causa de papéis com grande peso no Ibovespa, que subiram fortemente e influenciaram na tendência do índice", explica Müller.As ações do grupo EBX, de Eike Batista, lideraram as maiores altas do Ibovespa hoje, encabeçadas pela OGX (petróleo), que subiu 18,6%, para R$ 0,51. Os papéis da MMX (mineração) e da LLX (logística) tiveram ganhos de 17,09% e 12,12%, respectivamente, para R$ 1,37 e R$ 0,74.
O movimento das ações de Eike aconteceu após notícia publicada pelo jornal Estado de S.Paulo de que o BNDES adiou prazos, estendeu recursos e relaxou exigências em contratos de financiamento firmados com as companhias do grupo.
Em entrevista à Folha, Luciano Coutinho, presidente do BNDES, que emprestou R$ 10,4 bilhões ao empresário, afirmou que a exposição do banco a Eike é "baixíssima" e se concentra nas empresas com ativos para equacionar financeiramente o grupo: "Quem estiver apostando no caos vai se frustrar".
Os papéis mais negociados das siderúrgicas Usiminas e CSN também ajudaram a impulsionar o Ibovespa hoje, com altas de 15,27% e 8,2%, respectivamente, para R$ 7,55 e R$ 6,07. "O Credit Suisse anunciou que elevou sua recomendação para as ações da Usiminas para "desempenho acima da média do mercado", o que impulsionou a cotação dos papéis", afirma Müller. "As ações da CSN foram no embalo da Usiminas, uma vez que as avaliações foram positivas para o setor siderúrgico como um todo", completa.
China e EUA
A economia chinesa cresceu 7,5% no segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. O dado ficou dentro da expectativa da maioria dos analistas, confirmando a desaceleração da segunda maior economia do mundo, que no primeiro trimestre havia registrado ritmo anual de expansão de 7,7%.
Apesar da queda, o Escritório de Estatísticas do país afirmou que a economia manteve um desempenho estável no primeiro semestre. "Muitos indicadores ainda estão numa margem razoável, apesar do ambiente econômico complicado", comentou. "O dado trouxe algum alívio ao mercado, que enxergava risco de uma desaceleração ainda maior, por conta do baixo dinamismo das exportações", avalia Maurício Molan, economista do Santander, em relatório.
Nos EUA, as vendas no varejo subiram menos do que o esperado em junho, ampliando os sinais de desaceleração no crescimento econômico, que pode servir de argumento contra a possibilidade de o banco central americano começar a reduzir seu estímulo monetário ainda neste ano, o que animou o mercado.
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