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Turbulência

Bovespa subiu 1,13% no dia, mas acumulou queda de 7,75% na semana

A forte crise de crédito americano, que afetou a liquidez dos mercados globais e fez os bancos centrais mundiais injetarem quase US$ 500 bilhões em diferentes países nos últimos dez dias, deixou como rastro uma queda de 7,75% da Bolsa de Valores de São Paulo ao longo desta semana, com todos os papéis acumulando perdas. O Ibovespa fechou todos os dias no vermelho, à exceção desta sexta-feira, quando subiu 1,13%, aos 48.559 pontos, com volume financeiro de R$ 6,629 bilhões. O dólar, por sua vez, teve a maior queda em termos percentuais do ano nesta sexta-feira, de 3,20%, a R$ 2,026. Mas, na semana, acumulou alta de 3,84%. O risco-país, por sua vez, caiu 7,11% no dia, aos 209 pontos básicos, mas ganhou 12,97% de segunda à sexta-feira.

Ao longo do mesmo período, o Dow Jones, da bolsa de valores de Nova York, perdeu 1,44%, tendo registrado alta de 1,82% nesta sexta-feira.

- Essa diferença entre a Bovespa e as bolsas americanas é normal. Nosso mercado é emergente e qualquer notícia ou ação de empresa tem potencial de mexer muito mais com o mercado aqui do que com o de lá, já que somos muito menores - explica Fabio Cardoso, gestor da Máxima Asset.

Também nesta sexta, o Nasdaq subiu 2,20%, aos 2.505,03 pontos. E o S&P teve alta de 2,45%, aos 1.445,88 pontos.

Decisão do Fed animou investidores

No início da manhã, os negócios abriram positivamente motivados por uma decisão surpresa do Federal Reserve (Fed, o BC americano) de reduzir as taxas aplicadas em financiamentos para instituições de crédito, de 6,25% para 5,75%. A taxa básica foi mantida em 5,25% ao ano.

Entretanto, a divulgação da queda do consumidor americano reduziu os ganhos das bolsas dos Estados Unidos e das européias, e fez a Bovespa logo invertesse a tendência e operasse no vermelho. Ao longo do dia, a bolsa se manteve entre pequenas altas e baixas. Segundo a pesquisa da Universidade de Michigan, o indicador preliminar de agosto ficou em 83,3, contra um índice fechado de 90,4 em julho. A expectativa era de uma leitura de 88.

Segundo o analista do Prosper Gestão, Gustavo Barbeito, o dia foi de forte instabilidade.

- É mais um capítulo daquilo a que temos assistido todos os dias. Não é porque o Fed cortou o juro do redesconto que a crise vai acabar. O processo de turbulência continua e não deve terminar tão cedo - avalia.

No dia anterior, a Bovespa despencou mais de 8%, para depois fechar em queda de 2,58%.

Na Europa, a jornada também foi de ganhos. O FTSE de Londres subiu 3,50%; o DAX, de Frankfurt, ganhou 1,49%; e o CAC, da França, teve ganho de 1,86%.

Redução da taxa de redesconto alimenta expectativas de corte na taxa básica, diz economista

A taxa básica de juros da economia americana foi mantida em 5,25%. Mas, em seu comunicado, o Fed informou que a medida visa a "promover a restauração das condições de organização dos mercados financeiros". A instituição monetária também informou que "as condições do mercado se deterioraram, e que o aperto do crédito e a crescente incerteza têm potencial de restringir o crescimento econômico".

O economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto, acha que este reconhecimento é positivo e pode sinalizar um futuro corte na taxa básica de juros da economia, caso necessário.

- Na prática, ele mostra que não está apenas assistindo à piora dos mercados e que está pronto para agir - diz.

Em contrapartida à decisão do Fed, o petróleo reverteu sua queda e passou a operar em forte alta. Em Nova York, o WTI subiu 1,38%, a US$ 71,980. O Brent, em Londres, teve alta de 1,05%, a US$ 69,6.

Na Ásia, a pior semana em nove anos

As principais bolsas de valores asiáticas fecharam a sexta-feira em baixa devido à turbulência no mercado financeiro mundial, que teve como origem a crise no setor imobiliário americano. Foi a pior performance semanal dos mercados da região em uma década.

O indicador MSCI, que mede as bolsas de valores da Ásia com exceção do Japão, acumulou perda de 10,8 por cento nesta semana, a pior performance semanal desde janeiro de 1998, quando se desvalorizou em 12,4%.

- A maior preocupação para os mercados asiáticos é se a crise no mercado de crédito vai disparar uma redução no ritmo econômico dos EUA que vai, portanto, reduzir o consumo - disse Lim Chang-gue, gerente de fundos da Samsung Investment Trust Management, na Coréia do Sul.

Nesta sexta-feira, o Banco Central do Japão injetou US$ 10,5 bilhões no mercado, a terceira ação do gênero esta semana, mas não foi suficiente para evitar a forte queda de 5,41% na Bolsa de Tóquio no pregão de hoje. O índice Nikkei perdeu 874,81 pontos e encerrou o pregão com 15.273,68 unidades, menor fechamento do ano. Foi o terceiro dia de fechamento consecutivo com perdas causadas pela crise hipotecária nos Estados Unidos e a valorização do iene, que devem prejudicar as exportações.

A Bolsa de Jacarta também fechou o dia em forte baixa: 5,94%. Na Bolsa de Hong Kong, após descer mais de 5% durante o pregão, o índice Hang Seng caiu 1,14%. Depois de uma queda de quase 7% na quinta-feira, o índice Kospi, da Bolsa de Seul, na Coréia do Sul, caiu 3,19%. A Bolsa de Xangai encerrou o dia em baixa de 2,28% e a Bolsa de Taiwan fechou em queda de 1,35%.

- Todo mundo ainda está assustado e muitas pessoas querem tirar o dinheiro no curto prazo, então veremos mais vendas na próxima semana - disse Alex Huang, vice-presidente da Mega Securities, em Taiwan.

A Bolsa de Cingapura registrou baixa de 0,47%, enquanto em Kuala Lumpur a queda foi de 2,52%. Em Manila houve baixa de 1,9&% e em Bangcoc a queda foi de 0,61%. Na Oceania, a Bolsa de Sydney fechou em queda de 0,64%.

VEJA AS MAIORES QUEDAS DA BOVESPA NA SEMANA:

COSAN (CSAN3):queda de 22,84%, a R$ 22,60

PÃO DE AÇÚCAR (PCAR4):queda de 18,86%, a R$ 57,60

TAM (TAMM4): queda de 16,31%, a R$ 45,20

BANCO DO BRASIL (BBAS3):queda de 14,16%, a R$ 25,20

METALÚRGICA GERDAU (GOAU4):queda de 12,84%, a R$ 52,90

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