O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa brasileira, fechou nesta quarta-feira (3) em queda de 0,41%, aos 45.044 pontos, pressionado pela baixa de mais de 13% dos papéis da OGX, empresa de petróleo de Eike Batista. Foi a quarta baixa seguida do Ibovespa, que renovou sua menor pontuação desde 22 de abril de 2009, quando ficou em 44.888 pontos.
"O dia foi instável devido ao clima de cautela no exterior e com investidores aproveitando para investir em papéis "baratos" na Bolsa nacional", afirma Pedro Galdi, analista-chefe da SLW Corretora. As ações da OGX tiveram a maior queda do Ibovespa no dia, de 13,33%, para R$ 0,39. Como representam mais de 5% do índice, esses papéis têm forte influência no desempenho do mercado brasileiro.
Segundo a BM&FBovespa, os negócios com esses papéis foram interrompidos quatro vezes ao longo do dia para a realização de leilões, na tentativa de amenizar a queda da cotação.
Em sentido oposto, os papéis da varejista B2W lideraram os ganhos do Ibovespa, com avanço de 27,85%, para R$ 8,63."Há boatos no mercado de que a americana Amazon pode ter interesse na compra da B2W para entrar no mercado brasileiro. É preciso cautela, pois as ações da Lojas Americanas [controladora da B2W] não subiram, o que deveria acontecer se isso fosse verdade", ressalta Galdi.
Para Elad Revi, analista-chefe da Spinelli Corretora, a tandência continua negativa para o Ibovespa devido a fatores externos, como a indefinição sobre o início do corte nos estímulos nos EUA e o desaquecimento da China, e internos, como a perspectiva de crescimento menor com inflação em alta e a recente onda de protestos pelo país.
Nesta quarta, o mercado recebeu negativamente as notícias de que o crescimento do setor de serviços da China atingiu o ritmo mais fraco em nove meses em junho e que a tensão política em Portugal foi agravada após a renúncia de mais dois importantes ministros.Dados melhores que o esperado do mercado de trabalho americano voltaram a alimentar perspectivas de que o banco central dos EUA pode começar a reduzir seu programa de recompra mensal de títulos em breve.
Para o estrategista Paulo Gala, da Fator Corretora, a perspectiva sobre o próximo passo do BC americano só ficará mais clara na sexta-feira (5), após a divulgação de dados consolidados de emprego nos EUA em junho.
Grupo X
Por aqui, o cenário foi agravado pelo aumento da percepção de que a OGX, empresa de petróleo de Eike Batista, vai dar calote.
A agência de classificação de risco Moody's anunciou na noite de ontem que reduziu o rating da petrolífera de "B2" para "CAA2" com perspectiva negativa, numa decisão semelhante à tomada pela Standard & Poor's.
O rebaixamento foi motivado após o anúncio da empresa, no início da semana, de que vai abandonar suas operações no campo Tubarão Azul. Após o anúncio, relatórios de bancos cortaram o preço-alvo das ações da OGX para R$ 0,10.As ações mais negociadas da Petrobras, que caíram fortemente ontem por causa da contaminação do cenário para a OGX, reagiram e fecharam em alta de 3,31% hoje, para R$ 15,90.
"Os cenários são bem diferentes para ambas as empresas. Não sabemos dizer se a OGX vai estar produzindo daqui a um ano. A Petrobras, no entanto, sabemos que continuará sendo uma das maiores do setor, apesar da interferência política", diz Luana Helsinger, analista do GBM.Outras empresas do grupo EBX tiveram desempenhos opostos. Os papéis da mineradora MMX subiram 17,27%, enquanto os da empresa de logística LLX tiveram ganho de 1,27%.
Os papéis dos bancos credores do grupo EBX, que ontem tiveram fortes perdas, voltaram a cair hoje. As ações do Bradesco, por exemplo, caíram 0,81%, a R$ 27,10, enquanto as do Itaú cederam 1,14%, para R$ 26,96.