A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) resgistrou nesta quarta-feira a maior alta desde o dia 6 de março, quando se recuparava de fortes quedas decorrentes dos primeiros sinais de problemas nos créditos imobiliários de alto risco dos Estados Unidos (os chamados subprimes). O dólar caiu e fechou em baixa de 1,18%, a R$ 2,011. O risco-país caiu 6,91%, para 202 pontos.

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A Bovespa seguiu a tendência dos mercados internacionais e acelerou a alta no fim da tarde desta quarta-feira, encerrando o pregão com alta de 3,87%, aos 51.745 pontos, com volume financeiro de R$ 5,277 bilhões.

A alta recuperou grande parte das perdas da semana passada, mas o índice ainda está 1,7% abaixo do fechamento do dia 10 de agosto. Esta também foi a segunda maior valorização do Ibovespa em um só dia neste ano. Em 6 de março, o índice terminou o dia com alta de 4,95%.

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O bom humor dos mercados internacionais começou após declarações atribuídas na terça-feira ao presidente do Fed (banco central americano), Ben Bernanke, que reforçaram as apostas do mercado de que a instituição deverá cortar os juros básicos dos Estados Unidos para amenizar os efeitos da crise. Além disso, nesta sexta-feiraTambém contribui o Fed anunciou o desembolso de mais US$ 2 bilhões do Fed em crédito para os quatro maiores bancos americanos.

Na terça-feira, um senador americano que teve uma reunião com Bernanke teria afirmado que usaria todos os instrumentos disponíveis para manter a liquidez do sistema financeiro. Com isso, investidores passaram a apostar que uma redução dos juros poderá acontecer até antes da próxima reunião da autoridade monetária, prevista para 17 e 18 de setembro.

'Pode ser um sinal de que o pior já passou', diz analista

- Não quer dizer que a crise está superada, mas essa recuperação dos últimos dias pode ser um sinal de que o pior já passou. Mas impacto no crescimento americano e mundial essa crise vai ter com certeza - afirmou Julio Hegedus Netto, economista-chefe da consultoria de investimentos Lopes Filho e Associados, acrescentando que ao sentir a melhora do humor dos mercados os investidores foram às compras para aproveitar os preços mais baixos das ações.

Na avaliação do diretor executivo da NGO Corretora de Câmbio, Sidnei Moura Nehme, a Bovespa, que sofreu fortes quedas, mostra um movimento de recuperação até, às vezes, "descolado" das bolsas americanas, num esforço dos fundos locais e do remanescente de investidores estrangeiros em reaver as perdas.

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Segundo Nehme, enquanto o movimento de recuperação da Bovespa persistir não deverá ocorrer novas pressões de demanda (investidores estrangeiros vendendo ativos no país e comprando dólares para retirar os recursos do país) que influenciaram a alta do dólar nos últimos dias. Nehme avalia que a maior parte desses estrangeiros já deixou o mercado brasileiro.

Fitch: bancos da América Latina têm pouca exposição aos 'subprime'

Contribuiu também para o clima favorável da Bovespa ainda a divulgação de relatório da agência de classificação de risco Fitch nesta quarta-feira, que mostrou que os bancos da América Latina têm pouca exposição ao 'subprime' .

A alta da Bovespa foi puxada também pelas ações da Vale do Rio Doce e da Petrobras, que têm os maiores pesos no Ibovespa. Os papéis foram influenciados pela recuperação dos preços das commodities, como petróleo e minério, decorrentes da melhora do humor dos mercados. As ações PN da Vale subiram 5,47%, para R$ 74,36. Já os papéis Petrobras PN tiveram alta de 5,56%, para R$ 48,74.

Sobre o bom humor dos mercados americanos, Nehme lembra, no entanto, que o próprio Bernanke não fez declarações públicas e que as palavras atribuídas a ele foram do senador americano Christopher Dodd, que é também pré-candidato republicano à presidência dos EUA. Por isso, ele levanta dúvidas sobre um eventual corte dos juros pelo Fed.

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De acordo com o diretor da Ágora Corretora, Álvaro Bandeira, aos poucos os mercados financeiros de todo o mundo estão se equacionando em relação aos problemas do crédito imobiliário americano.

Bolsas americanas fecharam em forte alta

As bolsas americanas também registraram forte alta. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, subiu 1,11% e o SP 500 se valorizava 1,17%. A bolsa eletrônica Nasdaq registrava ganhos de 1,25%.

Outras notícias sobre a crise imobiliária também foram divulgadas nesta quarta-feira. Em Nova York, a Accredited Home Lenders Holding anunciou na quarta-feira que parou de receber pedidos de empréstimos e que vai cortar 1.600 empregos. A companhia citou as turbulências no setor de crédito imobiliário de risco dos Estados Unidos como motivo das decisões.

Outra consequência da crise do subprime nos EUA é a decisão do HSBC de fechar unidade norte-americana de hipotecas . O banco encerrará as atividades no escritório em Carmel, Indiana, até o final do segundo trimestre de 2008.BC europeu injetará 40 bi de euros

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Na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) informou nesta quarta-feira que injetará 40 bilhões de euros em recursos de 91 dias no mercado aberto da região na quinta-feira.

"Essa operação é uma medida técnica que visa dar suporte à normalização do funcionamento do mercado aberto europeu. Ela é conduzida além das operações mensais de refinanciamento de longo prazo", informou em nota o BCE.

Os mercados europeus registraram forte alta também. Na Bolsa de Londres, o índice FTSE fechou em alta de 1,81%. Em Frankfurt, o DAX subiu 1,02% e, em Paris, o CAC se valorizou 1,83%. Na Ásia, , com exceção de Tóquio, que ficou estável, as bolsas fecharam com valorização pelo terceiro dia consecutivo.