Com os investidores cautelosos em relação à efetividade das medidas tomadas pelo governo brasileiro para garantir o crescimento econômico do país, o principal índice de ações da Bolsa brasileira, o Ibovespa, fechou hoje em queda de 1,81%, para 54.889 pontos.
Essa foi a maior queda diária do Ibovespa desde 20 de fevereiro deste ano, quando o índice caiu 1,98%. Entre os 69 papéis que compõem o Ibovespa, 58 registraram perdas hoje.
Entre as principais quedas, a ação da companhia aérea Gol caiu 6,39%, para R$ 10,98 cada.
Nesta sexta-feira, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) notificou a Gol a prestar esclarecimentos sobre a falha no sistema de check-in apresentada na última madrugada nos aeroportos Santos Dumont e Galeão, no Rio, provocando longas filas e atraso de pelo menos 9 voos.Segundo a empresa, no entanto, o problema só ocorreu no Tom Jobim, por conta de obras do aeroporto, de responsabilidade da Infraero, e o atendimento já foi normalizado.Também em queda, as ações mais negociadas das siderúrgicas CSN e Usiminas tiveram hoje baixas de 3,9% e 6,02%.Segundo operadores, o movimento é um ajuste às fortes altas de ontem, após a CSN ter deixado de assumir compromisso de compra da CSA e afirmado que quer manter investimentos em ações da Usiminas. Contribuiu para puxar o desempenho do Ibovespa para baixo as quedas de 1,88% e 1,75% das ações mais negociadas de Petrobras e Vale. Ambas possuem as maiores participações no índice.Indicadores NegativosApesar dos investidores receberem positivamente a divulgação de indicadores econômicos no exterior, por aqui cresce o sentimento de cautela em relação à eficácia das medidas de estímulo que o governo tem adotado para manter o crescimento.Essa percepção aumentou após a produção da indústria ter registrado queda de 2,5% em fevereiro, na comparação livre de influências sazonais (típicas de cada período) com janeiro. O resultado, divulgado pelo IBGE, é o pior desde dezembro de 2008, auge da crise global, quando a produção industrial recuou 12,2%.No mesmo sentido, o ICST (Índice de Confiança da Construção) recuou 7,9% no trimestre encerrado em março na comparação com um ano antes, de acordo a Sondagem Conjuntural da Construção divulgada hoje pela FGV (Fundação Getulio Vargas)."Os indicadores negativos divulgados hoje pesaram sobre a precepção do mercado sobre o crescimento da economia brasileira. O resultado foi uma queda generalizada das ações", disse Pedro Galdi, da SLW Corretora.Mais Medidas do Governo?O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, reafirmou hoje que a autoridade monetária está acompanhando a evolução do cenário macroeconômico para avaliar a necessidade de adotar outras medidas. Em apresentação à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, Tombini ainda destacou que "a recuperação da atividade econômica tem se materializado de forma gradual e a perspectiva é de ritmo mais intenso".De acordo com ele, há sinais consistentes de recuperação da indústria, com indicadores antecedentes sugerindo crescimento no primeiro trimestre, mesmo após a queda de 2,5% da produção em fevereiro.Já o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje que o fim do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre o financiamento de máquinas pretende "tornar mais competitivo o crédito dos bancos para bens de capital, para investimento".O governo zerou o IOF do financiamento para aquisição e produção de bens de capital (máquinas), produção de bens de consumo para exportação, setor elétrico e obras de infraestrutura e logística (concessões), entre outros. A medida vale a partir de hoje.Referências ExternasSe no Brasil ainda há dúvidas quanto ao ritmo de crescimento da economia, nos EUA os indicadores continuam dando sinais de melhora.O Departamento do Comércio informou que as novas encomendas de bens industriais no país subiram 3% no mês passado em relação a janeiro. Economistas consultados pela Reuters esperavam um avanço de 2,9% no período.Na Europa, as referências foram mistas. A taxa de desemprego da zona do euro ficou estável em 12,0% em fevereiro, informou a agência de estatísticas da União Europeia (UE), o que pode aumentar a pressão para o Banco Central Europeu (BCE) cortar a taxa de juros. Esse resultado já era esperado.A notícia amenizou a contração do setor industrial da zona do euro, que aprofundou-se ainda mais em março, embora a crise no Chipre ainda não tenha afetado a atividade, mostrou a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) do instituto Markit.
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