São Paulo - A torcida para que os fechamentos de mês e de trimestre melhorassem o comportamento do Ibovespa não se confirmou. O índice acompanhou a piora externa e recuou quase 2% ontem, fechando pela primeira vez em setembro no nível de 52 mil pontos. Com o resultado de ontem, o Ibovespa encerrou a semana com baixa de 1,70%. As perdas em setembro alcançaram 7,38%, o pior resultado mensal desde o tombo de 24,80% de outubro de 2008, no auge da crise após a quebra do Lehman Brothers. No ano, a queda atinge 24,50%.
Os investidores seguem com o horizonte nebuloso, sem uma solução para a crise grega, tampouco para a situação da zona do euro. O Parlamento da Áustria deu ontem seu aval para mudanças na linha de estabilidade, mas os agentes já acham que a solução definitiva não está aí.
Os indicadores conhecidos nos EUA foram divergentes e não contribuíram para um pregão melhor. O tombo das ações da Kodak foi mais um ponto negativo. Rumores insinuavam que a empresa pode declarar default em breve, sendo que a companhia estaria inclusive contratando advogados especializados em reestruturação.
Juros
A presidente Dilma Rousseff disse ontem que o governo pretende manter a trajetória de redução de juros, mas com muita cautela e responsabilidade. Dilma participou do Exame Fórum 2011, na capital paulista, e falou para uma plateia de empresários pautada pelo tema "A construção de um Brasil competitivo". A presidente ressaltou que o governo não vai baixar os juros básicos movido simplesmente pela reivindicação de agentes econômicos. "Vamos manter a trajetória de redução de juros de acordo com as condições econômicas do país", afirmou, reforçando que o governo tem tomado as medidas necessárias para enfrentar os reflexos da crise internacional e vem sendo beneficiado pelo cenário deflacionário causado pelo baixo crescimento das economias centrais.
No mesmo evento, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o Brasil reúne todas as condições fiscais e monetárias para fazer frente ao quadro de redução da atividade econômica internacional, mas continuará estimulando os instrumentos de política monetária porque eles geram menos custos à nação, ao contrário de medidas fiscais. Mantega lembrou que o Brasil tem algo entre R$ 400 bilhões e R$ 500 bilhões em compulsórios que poderiam ser acionados, se necessário. "Temos toda a munição monetária, coisas de que Estados Unidos e Europa não dispõem. Nós temos, por exemplo, a taxa de juros mais alta do mundo, e podemos reduzi-la", disse.