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Crise das montadoras

Braço da GM melhora oferta para troca da dívida e amplia deadline

A GMAC LLC, braço financeiro da General Motors (GM), tornou ainda mais atrativos os termos de sua oferta para a crucial reestruturação de seu endividamento, após árduas negociações que se prolongaram até a noite desta sexta-feira (12) com os detentores de seus títulos.

Representantes dos detentores da maioria dos bônus concordaram, nesta sexta-feira, com as emendas à proposta de troca da dívida, segundo uma pessoa familiar à negociação, mas ainda têm que efetivar a troca seus títulos. A GMAC também postergou o deadline para a substituição dos papéis da dívida da GMAC e de sua combalida unidade hipotecária. O prazo anterior venceu nesta sexta-feira.

Co-gerenciada pela GM e por um grupo de investidores liderados pela empresa de private equity Cerberus Capital Management LP, a GMAC propôs uma reestruturação de sua dívida de US$ 38 bilhões que é uma parte crucial dos esforços da empresa, que enfrenta escassez de recursos, para se tornar uma holding bancária. Essa alteração de status para holding bancária permitiria à GMAC ter acesso aos fundos federais em um momento em que as fontes alternativas de financiamento estão escassas.

Analistas vinham afirmando que a empresa poderia, potencialmente, entrar com um pedido de proteção contra credores, caso fracassasse a sua tentativa de se transformar em uma holding. Ainda assim, mesmo com a GMAC mais perto de avançar em sua reestruturação da dívida, há desafios significativos pela frente.

Para se tornar uma holding bancária, a empresa tem que exibir cerca de US$ 30 bilhões em capital, sendo que US$ 2 bilhões terão de vir de acionistas existentes ou novos investidores.

A migração da GMAC para uma holding bancária poderia trazer benefícios enormes para a GM. A abatida montadora sofreu um pesado golpe na quinta-feira (dia 11), após a última barreira à tentativa do setor automotivo de conseguir um pacote de alívio não ter sido superada no Senado. A Casa Branca afirmou, na sexta-feira, que estudava a possibilidade de usar recursos do pacote de US$ 700 bilhões de socorro do setor financeiro para evitar o colapso das montadoras no curto prazo.

Empréstimos adicionais para a GMAC poderiam flexibilizar a sua capacidade de ampliar os financiamentos de automóveis para os compradores de veículos da GM, em um momento de derrocada do volume de vendas. A GMAC reduziu em 22% a concessão de empréstimos automotivos, em termos globais, no terceiro trimestre, ante o mesmo período de 2007, para preservar o seu balanço patrimonial.

As dificuldades da GMAC colocam a fabricante de automóveis em desvantagem. A GM disse que 45% da queda de suas vendas em outubro foi um reflexo das condições mais restritivas de concessão de empréstimos da GMAC. O capital para a GMAC também significa que a empresa poderia continuar concedendo financiamentos para as concessionárias da GM, ajudando-as a venderem veículos da marca.

Como parte da proposta de troca de títulos, lançada em 20 de novembro, os investidores receberam uma oferta combinada de novos títulos da GMAC, títulos híbridos - preferred stocks, em inglês, da empresa e uma parcela em dinheiro. Com a mudança, haverá uma redução nos níveis de endividamento da GMAC e de sua unidade hipotecária. O nível mais baixo liberará capital, permitindo que a GMAC satisfaça as condições necessárias para se tornar uma holding bancária.

Como parte das concessões conquistas na sexta-feira pelos investidores, a GMAC vai pagar um dividendo anual mais elevado de 9% sobre os títulos híbridos propostos para os atuais detentores dos papéis elegíveis para a troca. Essa foi a concessão mais relevante, de acordo com a fonte a par do assunto O dividendo da companhia pode cair para 7%, caso a empresa seja bem-sucedida na captação de capital de US$ 2 bilhões.

Outras vitórias conquistadas pelos investidores incluem compromissos por escrito que governam os novos papéis da dívida. Essas regras e outras concessões conquistadas pelos investidores são confidenciais, uma vez que fazem parte da oferta privada de troca.

A GMAC precisa que os investidores troquem 75% dos ativos selecionados para que a proposta de reestruturação da dívida se materialize. Até sexta-feira, a GMAC só tinha recebido 25% ou menos dos ativos da dívida existente, muito menos do que os 75% necessários. Mas representantes dos detentores majoritários dos bônus concordaram, em princípio, com as emendas à oferta, embora ainda não tivessem efetuado a troca.

"Nós estamos encorajados pelos progressos feitos até agora", disse a porta-voz da GMAC, Gina Proia. "No entanto, é necessária uma participação maior na troca para atingirmos o nosso objetivo"

Antes do novo deadline para a troca, fixado em 16 de dezembro, a empresa já havia postergado o prazo em duas outras ocasiões, além de ter acrescentado outras melhorias à oferta.

Detentores dos títulos vinham se mostrando resistentes à troca, com alguns afirmando que a proposta não representava sacrifícios suficientes para os donos da GMAC

Analistas da CreditSights, uma empresa independente de pesquisa de crédito, afirmaram, em nota distribuída no mês passado, que a reestruturação da GMAC poderia elevar seu capital para US$ 9 bilhões.

Caso consiga se tornar holding bancária, a GMAC deve melhorar significativamente as perspectivas para a GM. O destino da montadora e de seu braço financeiro são, inexoravelmente, relacionados, após o consórcio liderado pela empresa de private equity Cerberus, controlador da Chrysler LLC, comprou 51% da GMAC em 2006 por cerca de US$ 14 bilhões. A GM tem atualmente uma fatia de 49% na GMAC. A GM alertou que ficará sem recursos e começará a declarar default de sua dívida em poucas semanas, caso não consiga uma ajuda governamental.

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