O Bradesco anunciou nesta quinta-feira (29) um novo programa de demissão voluntária (PDV), o segundo na história do banco. O objetivo do movimento, conforme o vice-presidente da instituição, André Cano, é adequar o quadro de colaboradores ao avanço da tecnologia, que, se de um lado permite uma maior produtividade, de outro diminui a exigência de pessoal.
O PDV do Bradesco ocorre após os concorrentes Itaú Unibanco e Banco do Brasil também anunciarem iniciativas nesta direção. Enquanto o BB acaba de concluir seu programa, que desligou 2,3 mil funcionários e custou R$ 260 milhões, o Itaú aceita adesões até o próximo sábado (31) e mira um número de 6,9 mil colaboradores.
O Bradesco não abriu o número de funcionários almejado com o PDV, nem mesmo a economia de gastos que terá após o movimento. Segundo Cano, não há uma meta. O vice-presidente adiantou, contudo, que o Bradesco espera que o programa seja menor que o feito há dois anos na esteira da incorporação das operações do HSBC no país e que atraiu cerca de 7,5 mil colaboradores e um custo de mais de R$ 2 bilhões.
Funcionários antigos são foco do programa
O segundo PDV do Bradesco terá início na próxima segunda-feira (2) e estará aberto até 16 de outubro. Na mira, estão funcionários com mais de 20 anos de casa - no primeiro, a régua era maior e ia somente até dez anos, e aqueles que estão em condição de estabilidade, mas desejam deixar a instituição. Na rede de agências, poderão aderir ao PDV, segundo Cano, apenas os aposentados ou que estão em condições de se aposentar.
Para atrair adesões ao PDV, o Bradesco está oferecendo pagamento único de 60% do salário por ano trabalhado limitado a 12 salários, todos os direitos, incluindo Fundo de Garantia (FGTS), e o plano de saúde será estendido para 18 meses de cobertura. O banco oferecerá ainda seis meses adicionais de vale-alimentação.
"O objetivo do PDV é no fundo a adequação do quadro do banco à uma nova realidade em termos de processos e tecnologia, na qual estamos investindo há bastante tempo e que tem levado o banco a uma maior produtividade", explicou o vice-presidente do Bradesco, em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Apesar do aumento da concorrência com fintechs e novos entrantes principalmente nas áreas de investimentos e cartões, o executivo disse que o PDV não tem relação com o ambiente de competição mais acirrada no país. "Não é isso ainda. Tem naturalmente uma visão permanente de controle de custos", rebateu.
Meta é fechar 100 pontos físicos neste ano
O Bradesco também tem uma preocupação de não impactar sua força de vendas com o PDV. Tanto é que, segundo Cano, com o processo de digitalização dos serviços financeiros, os clientes têm deixado de ir às agências, mas o banco não prevê um "plano massivo" de enxugamento da rede. Para este ano, o banco espera fechar 100 pontos físicos, patamar bem abaixo da redução de 565 agências feita em 2017 em função da compra do HSBC.
Dois aspectos são levados em conta pelo banco, conforme Cano, no fechamento de agências: resultados e fluxo de pessoas. "Não temos nenhum plano massivo de encerramento de agências. Se há uma oportunidade por proximidade ou incorporação de agências, vamos fazê-la", reforçou o vice-presidente do Bradesco.
Ao fim de junho, a rede de atendimento do banco somava 4.581 agências, com a redução de 36 ante dezembro. Já o quadro de colaboradores, ao invés de diminuir, cresceu. O Bradesco somava 99.198 ao término do primeiro semestre, com a adição de 593 funcionários em relação a dezembro.
Sobre a projeção de despesas do banco para este ano, Cano reiterou o cumprimento das metas estabelecidas junto ao mercado. Explicou, contudo, que o PDV não está contemplado nas projeções do banco uma vez que se trata de uma despesa não-recorrente.
O Bradesco espera que seus gastos operacionais cresçam até 4% neste ano. No primeiro semestre, porém, essas despesas subirem 6%. Cano lembrou que o banco fez uma antecipação de gastos na primeira metade do ano por conta do pagamento de desempenho extraordinário lançado de forma inédita na instituição, que garante um extra aos funcionários que superarem suas metas. "O programa aumenta a despesa de pessoal, mas tem uma posterior contribuição nos negócios. Continuamos perseguindo o guidance", garantiu o vice-presidente.
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