Polêmica
Documento da Febraban cria tensão entre governo e bancos
Agência O Globo
A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) divulgou ontem nota para desautorizar relatório distribuído na véspera pelo economista-chefe da entidade, Rubens Sardenberg, que colocou em dúvida a eficácia das medidas oficiais para estimular a concessão de empréstimos e aquecer a economia. No boletim intitulado "Informativo Semanal de Economia Bancária", Sardenberg escreveu que "alguém já disse que você pode levar um cavalo até a beira do rio, mas não conseguirá obrigá-lo a beber a água", numa referência à pressão da equipe econômica para a redução dos juros e "spreads" embutidos nos empréstimos e para o aumento do volume de crédito.
Os dois maiores bancos privados brasileiros, Itaú e Bradesco, preparam novas reduções das taxas de juros cobradas de empresas e pessoas físicas. No dia seguinte à eclosão de nova polêmica entre o governo e a Federação Brasileira de Bancos (leia mais na reportagem ao lado), ambos procuraram demonstrar convergência com a agenda da presidente Dilma Rousseff para baixar o custo do dinheiro no país.
"Revisamos nossas taxas de juros de empréstimos, fizemos ajustes e somos competitivos. Continuaremos ajustando à medida que a Selic (taxa básica de juros) caia", afirmou o presidente do Itaú, Roberto Setubal. Segundo ele, o banco prepara uma nova rodada de queda de taxas de juros. As duas próximas áreas que devem ser contempladas são financiamento de automóveis e crédito pessoal.
"Nós compartilhamos as preocupações da presidente Dilma com a estrutura de juros do país. Às vezes existem cobranças, que absorvemos com naturalidade. Estamos trabalhando, analisando as opções e caminhos", disse o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi. "Nosso esforço está endereçado na meta de reduzir o peso da estrutura do custo de capital para consumo e investimentos."
Há exatamente três semanas, os dois bancos anunciaram, no mesmo dia, cortes de taxas de juros em algumas modalidades de financiamento. O processo foi detonado no início de abril pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal. Aos poucos, os bancos privados aderiram ao movimento. Mas, até agora, o BB e a Caixa já implementaram três reduções, enquanto os privados fizeram apenas um comunicado.
O tom de Setubal, ontem, foi mais suave do que o adotado na sequência do primeiro corte do banco. "A inadimplência vai se reduzir com a queda dos juros e a recuperação da economia", afirmou. Há três semanas, ele afirmara que o Itaú Unibanco "gostaria de poder reduzir mais as taxas".
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