O Bradesco está investindo em uma plataforma totalmente digital e, em paralelo, acelera a digitalização de sua base física, de acordo com o vice-presidente do banco, Maurício Machado de Minas. “Estamos passando por uma transformação para continuar relevante na vida das pessoas. Teremos novidades esse ano”, disse ele, em entrevista ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, durante o Congresso e Exposição de Tecnologia da Informação das Instituições Financeiras (CIAB), promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) na semana passada.
O Bradesco investe anualmente R$ 6 bilhões em tecnologia e infraestrutura. Do total, segundo o vice-presidente do banco, dois terços são para custeio e o restante investimento. “O investimento na plataforma digital e na digitalização da base atual são parte importante desses R$ 2 bilhões”, afirmou ele.
Sem dar muitos detalhes, o executivo adiantou que o modelo digital do Bradesco levará em conta o que chama de “jornada dos clientes”, ou seja, seus hábitos de consumo, preferências e comportamento. Para isso, caso o cliente autorize, o banco vai capturar seu dia a dia nas redes sociais, nos produtos que consome sejam bancários ou não. “Vamos conhecer o cliente a esse nível de profundidade”, destacou Minas.
Segundo ele, esse é um universo totalmente diferente do atual e desruptivo. Para criá-lo, o banco firmou parcerias com fintechs (startups do setor financeiro) que, apesar de não aparecerem ao consumidor final, vão ajudar o banco nesta conexão mais direta e íntima com o cliente, relacionando os serviços financeiros com o momento de vida de cada correntista.
HSBC
Sobre o impacto da integração da plataforma do HSBC na estratégia digital do Bradesco, Minas admitiu “que dizer que não atrapalha é um exagero”. No entanto, garantiu que é possível tocar ambos os esforços em paralelo. De acordo com ele, nesses 11 meses desde o anúncio do negócio, o Bradesco desenvolveu as funcionalidades que existiam apenas no HSBC para permitir que, quando forem migrados, os clientes usassem os canais do banco por completo.
“Os clientes serão migrados para uma agência e conta Bradesco. Quem já é cliente do banco poderá escolher se permanece com duas contas ou não. Esperamos formalizar a operação em cerca de dez dias e nosso prazo para integração é de cem dias”, afirmou Minas.
Sucessão
Questionado sobre o processo de sucessão no Bradesco, o executivo disse que esse tema está a cargo do Conselho de Administração do banco. “É uma pergunta que só o Conselho do banco pode responder”, disse ele.
Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Bradesco, é tido como sucessor natural de Lázaro de Melo Brandão na presidência do Conselho de Administração do banco. Em outubro próximo, ele completa 65 anos, idade limite para presidir o banco. Sua saída deve ocorrer após a assembleia, agendada para março de 2017.
Soluções digitais
Outra novidade do Bradesco para este ano, conforme o vice-presidente do banco, é a abertura de contas totalmente digitais, possibilitada com recente resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN). “Temos mais informações dos clientes por conta de algoritmos do que qualquer regulamentação exige no modelo que demanda a presença física”, disse ele.
No CIAB deste ano, feira voltada às inovações tecnológicas do mundo bancário, o Bradesco lançou o saque programado via seu aplicativo no celular. A pessoa agenda primeiro, vai até um caixa eletrônico (ATM, na sigla em inglês) e precisa apenas aproximar o celular, colocar a sua senha e sua biometria para concluir a operação. A partir da semana que vem, conforme Minas, a solução já estará disponível na rede de autoatendimento do banco.
O Bradesco também aderiu ao consórcio global de blockchain R3, formado por mais de 50 das maiores instituições financeiras do mundo. Seu foco é desenvolver aplicações a partir dessa tecnologia. Trata-se de um sistema de registros que ficou conhecido por garantir a segurança das operações realizadas por criptomoedas, como os bitcoins.
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