O Bradesco quer manter seu foco no mercado brasileiro, sem planos de aquisições internacionais, para aproveitar os cerca de 100 milhões de novos consumidores que prevê no sistema bancário nas próximas décadas.
A estratégia baseia-se na avaliação de que "chegou a hora do Brasil", segundo o diretor-presidente do banco, Luiz Carlos Trabuco Cappi.
"Nosso foco, nosso desafio é agir domesticamente", disse em entrevista no Reuters Latin American Investment Summit.
"Em 30 anos vamos ter 300 milhões de habitantes, uma classe média avançada e mobilidade social. Essa perspectiva significa que vamos disputar nos próximos 25 anos 100 milhões de novos consumidores no mercado bancário."
Para ele, o pior da crise financeira global já ficou para trás e o Brasil tem condições de deslanchar apoiado justamente no mercado interno robusto.
"A crise já começa a ser vista um pouco pelo retrovisor", disse Trabuco.
Mesmo nos planos de expansão interna, novas aquisições estão em segundo plano para o Bradesco, que vai priorizar o crescimento orgânico, segundo Trabuco.
"O sistema bancário no Brasil já está desenhado, com dois grandes bancos domésticos privados de varejo, dois estatais e dois internacionais", avaliou. "Temos escala para disputar o mercado com o nosso formato."
No plano operacional, o executivo considerou que a recuperação da economia já está se refletindo no aumento da demanda das empresas por financiamentos, mas por enquanto o banco não vê necessidade de buscar funding para essas operações captando recursos no mercado internacional. "Temos liquidez suficiente", afirmou.
Mesmo antevendo uma recuperação iminente do mercado de capitais, os planos da instituição para sua área de banco de atacado parecem menos agressivos do que no momento em que o BBI foi lançado, em 2006, com a meta de ser líder do setor em 2010.
"Nosso foco agora é trabalhar com reestruturação de empresas e de dívidas. Liderança não é um objetivo agora", disse Trabuco.
VANTAGEM BRASILEIRA
O executivo comentou que o Brasil leva vantagens neste momento por conta de seu mercado interno e que a recente recuperação dos mercados financeiros não se trata de uma nova bolha.
"Os mercados de risco estão sempre olhando para o futuro" e as perspectivas são de recuperação, acrescentou.
Sua estimativa é de que o país registre estabilidade ou discreto crescimento neste ano e possa se expandir mais de 3 por cento em 2010. Para a Selic, a previsão é de que chegue a dezembro entre 9,0 e 9,25 por cento ao ano, frente ao nível atual de 10,25 por cento.
Ele também lembrou que, com a redução da taxa básica de juros e a consolidação da estabilidade de preços, o país terá que lidar com algumas questões como a rentabilidade da poupança e as metas atuariais dos fundos de pensão.
"O importante (no caso da poupança) é ter prazo suficiente para o mercado ir se ajustando e não decepcionar os poupadores", disse. "Soluções mistas, como um pouco de taxação na poupança e redução de tributos em outros investimentos, por exemplo, são sempre melhores."
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