O Bradesco previu ontem redução de suas margens financeiras em 2013 e aumento cauteloso do crédito, depois de amargar um resultado um pouco abaixo do esperado e redução da sua rentabilidade no quarto trimestre do ano passado.
O segundo maior banco privado do país indicou que vai focar na redução de custos e no aumento de eficiência em 2013, para fazer frente a um cenário de inadimplência ainda elevada, juros domésticos nos menores patamares da história e atividade econômica ainda frágil.
O lucro ajustado do Bradesco no quarto trimestre ficou em R$ 2,918 bilhões, pouco abaixo da previsão média dos analistas de R$ 2,950 bilhões, embora tenha subido 5,3% no ano a ano.
O lucro líquido foi de R$ 2,893 bilhões no período, alta de 6,1% ante igual etapa de 2011. No ano, o lucro somou R$ 11,5 bilhões, aumento de 2,9% em relação ao apurado em 2011.
Em linha com o lucro abaixo do esperado, a rentabilidade do Bradesco medida pelo retorno anualizado sobre o patrimônio líquido médio caiu 2,1 pontos porcentuais no quarto trimestre, a 19,2%.
"Nossa previsão é de que em 2013, nossa rentabilidade ficará entre 18% e 20%", disse em teleconferência o diretor-executivo do Bradesco Luiz Carlos Angelotti.
Crédito
O Bradesco terminou 2012 com estoque de empréstimos de R$ 385,529 bilhões de reais, alta de 11,5% ante 2011 bem abaixo do objetivo inicial, 18% e 22%, depois reduzido para 14% a 18%. Com isso, a sua participação no crédito do sistema financeiro caiu 0,8 ponto percentual no ano, para 11,2%.
Para este ano, o banco estima crescimento do crédito entre 13% e 17% . "Consideramos o nosso crescimento do crédito bastante adequado, considerando a conjuntura", disse ontem, em teleconferência, o presidente-executivo do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco.
O resultado refletiu a maior cautela dos bancos privados, enquanto os concorrentes estatais cresceram pelo menos o dobro da velocidade, diante da pressão do governo para aumento das concessões para evitar uma desaceleração maior da economia.
O Bradesco preferiu acelerar os empréstimos para grandes empresas, a linha com menor índice de calotes. Os financiamentos para esse grupo tiveram alta de 15% em 12 meses. Já a carteira de pessoa física subiu 8,2%, a R$ 117,5 bilhões, atingida pela área de financiamento automotivo, que encolheu 5,7%.
Ainda assim, o banco não melhorou a qualidade da carteira. Seu índice de inadimplência, medido pelo saldo de operações vencidas com mais de 90 dias, ficou em 4,1%, estável em relação ao trimestre imediatamente anterior, mas 0,2 ponto porcentual maior que em dezembro de 2011. Angelotti disse, sem entrar em detalhes, que o banco prevê queda gradual da inadimplência nos próximos trimestres.