A recém-criada Brado Logística nasce com um plano de investimentos de R$ 1 bilhão para os próximos cinco anos. Braço para transporte de contêineres da América Latina Logística (ALL) que tem 80% de seu capital , a empresa surge da fusão com a Standard, firma especializada no transporte de refrigerados que, assim como a ALL, tem sede em Curitiba. Com a nova companhia, a ALL quer chegar a 12% do mercado nacional de contêineres já no primeiro ano de operação, desenvolvendo o uso do modal ferroviário para clientes de pequeno e médio porte.
"Nossa participação no mercado de contêineres é muito baixa. Além de investimentos específicos, vamos oferecer nível e variedade de serviços inéditos no mercado brasileiro, possibilitando o acesso ao modal ferroviário para clientes que não o utilizam atualmente", disse ontem o presidente da ALL, Paulo Basílio, durante conferência com analistas de mercado e investidores. Segundo dados da própria companhia, o mercado nacional é de cerca de 4,3 milhões de contêineres. Deste total, 2,6 milhões de contêineres estão na área de atuação da ALL. A companhia tem hoje 2% desta parcela do mercado e estima que é possível chegar a 50% com a nova empresa.
A Brado vai investir em vagões e locomotivas, além de melhorias e ajustes na via permanente e na construção de terminais intermodais. Um dos projetos pioneiros da empresa é operar vagões "double stack", que empilham dois contêineres. "Esse investimento estabelece as bases para a companhia dar um salto tanto no volume de transporte quanto no perfil de serviços oferecidos. Estamos dando o primeiro passo para construir a maior empresa de logística de contêineres do Brasil", diz o diretor-presidente da Brado, José Luis Demeterco Neto, que fundou e era o presidente da Standard.
Gestão
A Brado terá gestão completamente independente. O superintendente de relações com investidores da ALL, Rodrigo Campos, disse aos investidores que a estrutura de capital para investimentos da Brado será definida nos próximos meses, incluindo financiamento e mercado financeiro em parcelas equivalentes de emissão de dívida e ações. A companhia espera um retorno sobre o capital empregado acima de 30%. "A empresa terá flexibilidade para acelerar ou reduzir o ritmo de investimentos de acordo com a velocidade de crescimento do seu market share."
Campos destacou ainda que a negociação vai permitir à ALL um volume adicional de negócios que, sozinha, ela não teria condições de receber. Os contratos já fechados entre a controladora e a Brado preveem que os investimentos sejam feitos pela nova empresa, que terá, em contrapartida, o direito de transportar pela ferrovia a preços competitivos mais um porcentual de desconto.
A Standard tem hoje cerca de mil funcionários e cinco terminais intermodais, cinco complexos logísticos de cargas frigorificadas e um porto seco no interior de São Paulo. Agora, a Brado assume também a gestão dos terminais de contêineres já existentes na malha da ALL em Porto Alegre, Uruguaiana (RS), Araucária (PR) e Tatuí (SP), além dos contratos de transportes de contêineres já assinados pela ALL. "A sinergia fortíssima entre as empresas fica clara quando vemos o mapa de ativos de cada uma. Estamos unindo a cultura e gestão da ALL com a experiência e know-how da Standard no segmento de logística de contêineres", completa Basílio.