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Ocupação

Brasil ainda está longe do pleno emprego, afirma Ipea

Apesar dos aumentos sucessivos na população ocupada registrados nos últimos meses, o Brasil ainda está longe da condição de pleno emprego, afirmam técnicos do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea).

O estudo "Considerações sobre o Pleno Emprego no Brasil", divulgado nesta quinta-feira (16), aponta que o alto nível de informalidade, as taxas ocultas de desemprego (refletindo as pessoas que estão subempregadas ou pararam de buscar trabalho) e o porcentual de 70% de novas vagas com remuneração de até dois salários mínimos comprovam que o país não alcançou a situação em que haveria vagas disponíveis, com remunerações adequadas, para toda a população economicamente ativa disposta a trabalhar. Os pesquisadores dizem que não é possível precisar uma taxa que represente esta condição, porque ela está ligada a indicadores de qualidade dos empregos.

"É um conceito absolutamente vago, frágil, que vem sendo empregado sem muito rigor na fala de muitos economistas", diz o coordenador do Grupo de Análises e Previsões (GAP) do Ipea, Roberto Messenberg.

André Calixtre, assessor técnico da presidência do Ipea, destacou que, ao contrário do que afirmam alguns analistas, o crescimento do mercado de trabalho está acompanhando o desenvolvimento da economia e não impedindo o seu avanço. "Não sabemos o que é o pleno emprego, mas sabemos o que ele não é. Ele não pode estar atrelados a ciclos econômicos. Se o dinamismo da economia diminuir, acabou o avanço do mercado de trabalho".

Calixtre ressaltou ainda que os empregos têm crescido de maneira diferente do que no passado, com aumento da formalização e da massa salarial real. As vagas formais aumentaram 16,7% entre 2007 e 2010, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, e 17,2% pela Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho.

Já a massa salarial real passou de cerca de R$ 25,5 bilhões, em maio de 2005, para cerca de R$ 38 bilhões, em outubro de 2011, também de acordo com IBGE e Ministério do Trabalho.

A existência de "gargalos setoriais" não significa que o mercado de trabalho inteiro esteja se aproximando do patamar ideal de emprego, explica a técnica de Planejamento da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do instituto, Maria Andreia Lameiras.

"Algumas cidades ou atividades podem ter dificuldades de encontrar mão de obra. Temos visto isso ocorrer nos setores que têm criado mais vagas, como a construção civil, serviços e a indústria naval. Mas isso de forma alguma é um processo generalizado", afirmouk Maria Andreia.

Professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Fernando Mattos avalia que não é possível determinar a real situação dos empregos no país com base nas informações disponíveis atualmente. Segundo ele, as várias pesquisas (PME-IBGE, Rais-MTE, PED-Dieese e Caged) possuem limitações em suas representações sobre o mercado de trabalho.

"O sonho de consumo de todo pesquisador dessa área seria uma pesquisa mensal medindo as taxas de desemprego abertas e ocultas em todos os municípios. Uma pesquisa deste porte, no entanto custaria muito caro", pondera Mattos.

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