A agência de classificação de risco Moody's elevou nesta terça-feira o Brasil a grau de investimento e ainda atribuiu perspectiva positiva à dívida soberana do país, citando-o como "vencedor" da crise global.
O rating em moeda estrangeira e local subiu de "Ba1" para "Baa3", primeiro estágio na faixa considerada grau de investimento.
"A elevação reflete o reconhecimento pela Moody's de que a capacidade de absorção de choques, incluindo a capacidade de resposta das autoridades, aponta para uma melhora significativa do perfil de crédito soberano do Brasil", afirmou em comunicado Mauro Leos, vice-presidente de rating soberano da agência.
Em Nova York, onde se encontrou com analistas da Moody's, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que mais fundos de pensão serão permitidos a investir no país.
O Tesouro Nacional lembrou que o selo de grau de investimento cria condições mais favoráveis para o financiamento público e privado.
"Desde setembro de 2008, auge da crise internacional, a Moody's rebaixou o rating de 18 países, sendo que apenas seis receberam elevação, dentre eles o Brasil... único país que teve sua classificação elevada para grau de investimento (no período)", destacou em nota.
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que uma das consequências da elevação do rating será a melhora da qualidade dos investimentos de longo prazo no país.
A Moody's era a última das três principais agências de classificação de risco que não classificava o Brasil como grau de investimento, o que reduziu o impacto da notícia sobre os mercados financeiros.
"As duas primeiras ações (Standard & Poor's e Fitch) foram importantes sinalizadores da melhora do perfil de risco do país, a terceira consolida esse patamar. Esta elevação de grau tem também um simbolismo importante, já que ocorre logo depois da crise. Reforça a idéia de que estamos saindo bem da crise", avaliou Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco.
Brasil vencedor
Leos, da Moody's, destacou que "evidências de robusta flexibilidade econômica e financeira", tipicamente associados a créditos com grau de investimento, podem ser vistas na breve contração do PIB, no enfraquecimento mínimo das reservas internacionais do país, na moderada deterioração dos indicadores de dívida pública e na ausência de estresse no sistema financeiro.
Tais características, segundo a agência, sugerem que o Brasil é um "vencedor" se comparado aos outros países globalmente integrados classificados pela agência.
A Moody's acrescentou que o desempenho do país mostrou-se melhor que o de outros classificados na faixa "Baa", mesmo que a economia tenha contração este ano e as contas fiscais sofram deterioração.
Outras elevações, segundo a agência, dependerão da vontade política das autoridades em remover obstáculos ao potencial econômico do Brasil. Nesse sentido, será essencial uma correção permanente ao desequilíbrio fiscal.
Para Leos, houve uma "notável melhora" na estrutura de dívida do governo, com menos exposição aos riscos de taxas de juros e câmbio.
A Moody's disse também que as condições econômicas parecem ser favoráveis para constantes reduções dos indicadores de dívida do governo, devido à perspectiva de crescimento no curto prazo e à probabilidade de que as condições macroeconômicas continuarão validando taxas de juros de um dígito.
Ainda que necessárias, essas condições podem não ser suficientes para garantir taxas decrescentes de dívida na ausência de um compromisso claro de política de metas fiscais.
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