O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse neste sábado (24) que o Brasil apoia uma reforma financeira global, mas deixou claro que é preciso diferenciar a situação de cada país no que diz respeito à possibilidade de taxação maior das instituições financeiras. Segundo ele, esse foi o ponto sobre o qual "não houve acordo" na reunião do G-20, realizada nesta sexta-feira (23), na sede do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington, pois, assim como o Brasil, outros países que não se consideram "responsáveis pela crise" rejeitam uma taxação.
"O Brasil já tem uma regulação financeira mais rígida", explicou hoje, em entrevista na embaixada brasileira em Washington, pouco antes de seguir para a sede do FMI para o segundo dia de reuniões do G-20. "A taxação no País sobre o sistema financeiro já é maior do que em outros países, portanto, deve-se levar em conta a situação de cada país." Ele mencionou ainda que o Brasil tem imposto de renda mais elevado para instituições financeiras e tem avançado no que diz respeito ao registro de operações com derivativos. Além disso, Meirelles lembrou que a exigência de depósitos compulsórios, muito criticada por alguns, ajudou a proteger o sistema financeiro brasileiro no momento de crise.
No entanto, segundo o presidente do BC, não há dúvidas no G-20 sobre a importância de se manter como primeira necessidade o prosseguimento na reforma do sistema financeiro, independentemente de alguns países terem sofrido menos ou se recuperado mais rapidamente. Meirelles disse que é preciso "manter o vigor" no empenho de fazer mudanças que previnam o mundo de um nova crise, estabelecendo, entre outros itens, melhor qualidade de capital, maior colchão de liquidez, registro de derivativos, além de se colocar regras mais rigorosas para instituições "sistemicamente" importantes.
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