O Brasil caiu para sua pior classificação no ranking mundial de competitividade, chegando ao 56° lugar em 2015, de acordo com estudo desenvolvido pelo IMD (International Institute for Management Development), em parceria com a Fundação Dom Cabral.
Pressionado por indicadores ligados ao mau desempenho da economia, como taxa de emprego e índice de preços, o Brasil perdeu posições pelo quinto ano consecutivo, ficando à frente apenas de Mongólia, Croácia, Argentina, Ucrânia e Venezuela. Em 2010, a posição brasileira era a 38°.
Publicado anualmente desde 1989, o ranking analisa em 61 países o ambiente de competitividade das empresas. A lista é liderada por Estados Unidos, Hong Kong, Cingapura, Suíça e Canadá. Dentre os latino-americanos, o Chile tem a melhor posição (35°).
Para Carlos Arruda, professor da Fundação Dom Cabral, responsável pela captação e avaliação dos dados brasileiros para o estudo, as chances de o Brasil recuperar posições no curto prazo são baixas.
“Não há nada na agenda brasileira que permita avançar meia dúzia de posições em pouco tempo. As ações que levariam a isso, como controle das finanças públicas e ganhos de produtividade, não têm resultado de curtíssimo prazo. E mesmo que ajuste do ministro Joaquim Levy dê certo, o resultado também não é imediato”, diz.
A classificação é baseada em pesquisas com mais de 300 indicadores, agrupados em fatores como desempenho econômico, eficiência governamental, eficiência de negócios e infraestrutura.
Ponto crítico
De acordo com o trabalho, o ponto crítico para o Brasil é o quesito eficiência do governo, que abrange os impactos do ambiente político, institucional e regulatório sobre a competitividade de cada país.
Desde 2011, o Brasil figurava entre os cinco piores em tal fator, tendo aprofundado seu mau desempenho neste ano, com queda de duas posições, para o 60° lugar, à frente apenas da Argentina.
No quesito subornos e corrupção, o país não perde para ninguém no ranking.
A infraestrutura é outro gargalo em que o Brasil sempre figurou entre os piores colocados, indicador que já vinha em queda desde 2012 e piorou neste ano devido à crise hídrica, que afetou o abastecimento de água e energia.
O risco de racionamento é citado como um dos principais desafios competitivos para o Brasil neste ano.
“São vários os fatores que justificam nossos resultados. O Brasil não simplificou marcos regulatórios, um tema abordado desde a década de 90. Só implementou parcialmente os projetos de investimento em infraestrutura. Não fez reformas, só agora está discutindo temas como a terceirização e, ainda assim, com questões que ainda são relativas”, explica Arruda.
Neste ano, a eficiência empresarial brasileira também perdeu posições, tendo a produtividade e a eficiência no trabalho como fortes entraves.