A recessão e a crise política fizeram o Brasil cair seis posições em um ranking sobre a intenção de investimento das multinacionais. Realizado anualmente pela consultoria A.T. Kearney, o estudo mostrou que o país caiu para 12º no ranking dos mercados mais propensos a receber investimento nos próximos três anos.
Assim, o Brasil tem a pior posição no estudo desde 2004. Apesar do mau momento, multinacionais de alguns setores têm analisado o País, pois há oportunidades para aquisição de empresas.
Após ouvir cerca de 500 executivos de grandes multinacionais, o levantamento mostra que os planos para o Brasil estão indo na contramão do que as companhias planejam para o restante do mundo. “A instabilidade política e a crise econômica vão contra os principais critérios que são determinantes para que os tomadores de decisão escolham onde investir”, diz o sócio do escritório brasileiro da A.T. Kearney, François Santos.
O executivo nota que 72% dos entrevistados preveem aumentar o fluxo de investimento nos próximos três anos. “Estamos perdendo uma oportunidade”, diz Santos.
O executivo afirma que muitas multinacionais instaladas no Brasil passam por um momento de ressaca dos grandes investimentos feitos há alguns anos. “Depois da crise de 2008, houve correria para novos projetos. Sem crescimento nos países desenvolvidos, o plano era crescer nos emergentes”, explica. Em 2012 e 2013, por exemplo, o Brasil apareceu em terceiro no ranking da confiança sobre o investimento estrangeiro da consultoria.
Boa parte do grande investimento dedicado ao Brasil após 2008 já está operando ou em fase final de implantação. Ao contrário dos planos, porém, há muita capacidade ociosa gerada pela recessão e o retorno aos acionistas caiu. “Percebeu-se que o retorno não será como planejado. Essa ressaca dos investimentos faz o Brasil sair do plano de investimentos”, explica Santos.
O levantamento lembra que no auge do otimismo em 2011 o Brasil chegou a registrar mais de 500 novos projetos em implantação com mais de US$ 50 bilhões em investimentos. No primeiro trimestre de 2014, o número de novos projetos já havia caído para 117. No mesmo período de 2015, multinacionais iniciaram apenas 56 projetos. A queda é classificada como “alarmante” pela consultoria.
Apesar da situação desfavorável, o executivo nota que muitas multinacionais têm consultado o mercado brasileiro sobre a possibilidade de aquisição de companhias. Isso acontece porque o preço dos ativos caiu muito no País e, ao mesmo tempo, o real desvalorizado favorece a conversão de moedas como o dólar e euro para a divisa brasileira. Entre os setores que têm despertado a atenção, François Santos cita a construção civil e segmentos ligados ao mercado interno, como o de consumo.
O ranking da consultoria mostra que outro país que registrou forte queda no ranking foi o México. Apesar dos elogios para a abertura realizada pelo governo de Enrique Peña Nieto em setores como de energia e telecomunicações, a segunda economia latino-americana caiu nove degraus, para a 18ª posição no ranking. Esse foi o maior tombo no estudo de 2016. Santos explica que parte dessa perda de atratividade pode ser explicada pela queda do preço do petróleo.
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