O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta terça-feira (2) que a recuperação da economia brasileira acontece graças ao restabelecimento da confiança, tanto entre os empresários quanto entre os consumidores. Ele apresentou dados que mostram que o nível de confiança da indústria estava em 76 pontos em fevereiro de 2009 e, agora, o indicador está em 110 pontos. "O empresário quer investir. Nunca houve tanta confiança", destacou o ministro.

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Da mesma forma, o nível de confiança do consumidor brasileiro, segundo Mantega, que era de 95 pontos, hoje está acima de 110 pontos. Esse restabelecimento da confiança explica, de acordo com o ministro, o fato de o consumo continuar crescendo, garantindo dinamismo ao mercado interno, o que é uma grande vantagem da economia brasileira em relação a de outros países. Isso se refletiu, por exemplo, na recuperação rápida do crédito, que, segundo Mantega, cresce a uma taxa de 20% ao ano em 2010. "É menos do que em 2008, mas suficiente para estimular o crescimento", afirma o ministro.

Os investimentos, segundo Mantega, que já começaram a se recuperar no fim de 2009, vão se manter em expansão em 2010. "Voltamos ao nível do crescimento anterior a crise", diz. Para este ano, o ministro mantém sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nacional superior a 5%. Mas ele destacou que "o otimismo no País é tanto que já ultrapassou o do ministro". "Minha projeção (de crescimento) hoje é modesta. Já há analistas que falam em (expansão de) 6% e até 6,5%. Tomara que seja tudo isso", afirmou Mantega, destacando que o Brasil iniciou um novo ciclo de expansão que durará muitos anos.

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Demanda

Mantega afirmou também que a demanda interna deve registrar expansão de 7,3% neste ano. Tal fator conjugado com o aumento do crédito estimado em torno de 20% deve colaborar para que o Brasil continue incrementando o ritmo de criação de postos de trabalho formais. Segundo o ministro, a geração de vagas contabilizadas pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) deve atingir este ano perto de 1,5 milhão, número bem superior aos 995 mil registrados em 2009.

Mantega destacou um estudo realizado pela consultoria PricewaterhouseCoopers para o Fórum Econômico Mundial em Davos deste ano, realizado com pouco mais de mil executivos de empresas de grande porte, segundo o qual o Brasil deve ser o país que deve gerar mais empregos no mundo em 2010 em termos proporcionais ao seu número de trabalhadores. "27% dos empresários acreditam em crescimento do emprego acima de 5% neste ano. 7% apontam que a expansão deve variar de 5% a 8%, e 27% avaliam que a geração de emprego no Brasil ficará acima de 8%", comentou Mantega.

O crescimento da economia entre 5% e 5,5% este ano deve colaborar de forma expressiva, segundo o ministro, para o avanço de 6% na massa salarial. Ele também destacou que a recuperação do nível de atividade deve também ser registrada de forma significativa pela produção industrial em 2010 que, segundo ele, deve crescer 7%. Esta manhã, o IBGE informou que, em 2009, a produção industrial caiu 7,4%.

O incremento da atividade empresarial, na visão de Mantega, está ocorrendo de forma vigorosa desde o final do ano passado com o avanço dos investimentos. Segundo o ministro, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) deve apresentam um resultado robusto em 2010, com aumento de 16%. Ele também ressaltou que dentro da perspectiva de ampliação da FBCF do País há uma estimativa de que o setor da construção civil apresente investimentos anuais de R$ 227 bilhões de 2009 a 2016, segundo estudo realizado pela FGV e a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat).

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Por fim, o ministro da Fazenda afirmou que o aquecimento da economia levou o governo a decidir pelo encerramento da concessão de benefícios fiscais a vários setores produtivos. Mantega ressaltou que essa decisão foi oportuna também para aplacar a ansiedade de alguns analistas que estariam preocupados em excesso com o avanço do nível de atividade do País e começaram a defender com grande eloquência o início do ciclo de aumento dos juros. "O impulso (fiscal) foi dado e a economia caminha com seus próprios pés. Isso acalmou o ânimo daqueles que queriam subir os juros", disse.