Os cotonicultores brasileiros devem começar a ver neste ano as aplicações práticas da compensação paga pelos Estados Unidos após a vitória do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) no contencioso sobre os subsídios norte-americanos aos produtores de algodão. O Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), criado para gerir esse dinheiro, prevê publicar em dez dias as normas para aprovação de projetos e investir ainda em 2011 até R$ 35 milhões neles.
O instituto, que foi criado em junho de 2010 como uma associação sem fins lucrativos, tem como principal objetivo receber e analisar projetos em prol da cotonicultura brasileira. O IBA já tem em conta US$ 145 milhões, referentes ao primeiro ano de pagamento, e no fim do mês recebe mais uma parcela mensal de US$ 12,275 milhões. Após atrasos administrativos para sua implementação, o órgão está definindo o planejamento estratégico e as regras para financiamento de projetos.
Segundo Haroldo Cunha, ex-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e que agora preside o IBA, o investimento no primeiro ano deverá ser feito com cautela, de maneira escalonada, e por isso o valor previsto será baixo em relação ao que já está na conta. "Esse é o limite máximo para este ano, o que não significa que tudo vai ser usado. Isso porque teremos toda uma análise dos projetos, que vão passar por uma consultoria para verificar se estão bem fundamentados", disse. "Por enquanto são só R$ 35 milhões." O executivo diz que a entidade trabalha com um cenário de pelo menos cinco anos de investimentos.
Cunha explicou que uma das maiores dificuldades para definir o uso do dinheiro é a restrição à aplicação em pesquisas - para combate ao bicudo, por exemplo. Essa limitação foi imposta pelos próprios norte-americanos para evitar a competição. "Para nós, isso era fundamental e foi frustrante, porque toda mudança passa por pesquisas", disse Cunha. "Mas eles foram taxativos e entendemos que há espaço para outras atuações."
Assim, as linhas de ação incluem programas de cooperação internacional, estudos de infraestrutura, fortalecimento da capacitação, na atividade de combate a pragas, promoção do uso do algodão, programas de sustentabilidade socioambiental e de melhoria do sistema de classificação do produto. Os projetos podem ser apresentados por meio da Abrapa, associações estaduais de produtores, órgãos de administração pública federal e universidades.
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