Após um ano de forte desaceleração econômica em 2015, o Brasil deve enfrentar um cenário não muito diferente em 2016. Segundo economistas consultados pela agência de notícias Bloomberg, a economia brasileira pode ser a segunda pior do mundo neste ano, com queda de até 2,5% no Produto Interno Bruto (PIB), e ficar atrás apenas da Venezuela, que, estimam, deve encolher 3,3%. À frente do Brasil do menor para o maior crescimento, estão Grécia, Rússia, Equador, Argentina, Japão, Finlândia, Croácia e a Suíça.

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A primeira pesquisa feita pelo Banco Central (BC) este ano com analistas do mercado financeiro, o chamado Boletim Focus, também traz previsões pouco animadoras para a economia brasileira neste ano e no próximo. Além de projetarem inflação, dólar e juros em alta, os economistas começam a falar em sinais de depressão econômica, já que a recessão será mais forte que o esperado. A previsão de queda do PIB em 2016 piorou pela 14ª semana seguida e encostou nos 3%.

No relatório anterior, com opiniões coletadas ainda em 2015, a expectativa era que a economia sofresse uma contração de 2,95% este ano. Agora, os especialistas já preveem uma queda de 2,99%. E a recuperação deve ser ainda mais lenta. A expansão de 1% prevista para 2017 na pesquisa anterior foi revista para baixo, ficando em 0,86%.

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“Não é pessimismo não. É realismo. Enxergar algum cenário positivo é enganar o leitor e o povo. A gente foi regredindo. São 20 a 30 anos de retrocesso”, diz Ítalo Abucater, da corretora Icap.

Para o economista enquanto não houver um “ajuste fiscal decente”, o país terá de se adaptar ao quadro ruim.

Zeina Latif, economista da XP Investimentos, afirma que este será um ano de reflexão para a sociedade brasileira. Ela ressalta que o país perdeu os instrumentos que poderiam tirar o país da crise, já que a precária situação das contas públicas impede o governo de gastar para estimular a economia. E considera que a política monetária (de controle a inflação) também está no mesmo caminho.

“Isso é um teste para a maturidade do país. Se a sociedade pensar que está tudo bem com a inflação de 10%, a gente vira a Argentina. A economia está ganhando um contorno de depressão. Se nada acontecer, a economia ainda vai piorar muito” prevê.

Por isso, deve vir mais alta de juros por aí. Os economistas ouvidos pelo Boletim Focus mantiveram a previsão para a taxa básica em 15,25% ao ano em 2016 - um ponto percentual acima do nível atual. A expectativa é de uma alta de 0,5 ponto percentual já na próxima semana. Para o ano que vem, a projeção para a Selic subiu pela segunda vez seguida, de 12,50% para 12,75% ao ano.

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Mesmo com o aperto monetário a caminho, as expectativas para a inflação não param de aumentar. A previsão para o IPCA deste ano subiu pela segunda semana seguida, passando de 6,87% para 6,93%. Se o número se confirmar, será o segundo ano consecutivo em que o índice de preços superará o teto da meta do governo, que é de 6,5%.

Na sexta-feira, o IBGE divulgou a inflação oficial de 2015, que fechou o ano em 10,67%, a maior em 13 anos, estourando o teto da meta pela primeira vez desde 2002.

Menos pessimista, pelo segundo mês seguido, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) viu sinais preliminares de estabilização na economia brasileira. O indicador mensal da OCDE, que captura os pontos de virada na economia, considerou que a sinalização de estabilização que tinha aparecido em outubro se repetiu em novembro.

A mesma avaliação foi feita para a China. Para a zona do euro, a perspectiva é de crescimento estável, enquanto as economias de Estados Unidos e Reino Unido estão perdendo força. “Os dados da pesquisa para o Brasil confirmaram os sinais preliminares de estabilização na economia,em novembro. Mas a magnitude dos sinais não aumentou e esta é a razão de mantermos a mesma expressão de ‘sinais preliminares de estabilização’”, afirmou Roberto Astolfi, responsável pelo indicador.

Os dados são de novembro, antes do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O indicador busca antecipar momentos de virada nas economias e considera a perspectiva para um prazo entre seis e nove meses adiante. Significa, segundo Astolfi, que a pesquisa sugere que a economia brasileira deve voltar a crescer no segundo semestre deste ano.

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Astolfi explica que os indicadores que mais influenciaram positivamente foram a perspectiva futura de produção e os níveis de estoques, avaliados pela Sondagem Industrial da Fundação Getulio Vargas, e o intercâmbio comercial com a União Europeia. Já o desempenho da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) pesou negativamente.