Brasil e Argentina querem renovar o acordo automotivo entre os países, cuja validade se encerra em junho, mantendo o atual formato para exportação dos veículos. Assim, a intenção é manter a exigência já em vigor de cerca de 60% de autopeças do Mercosul para que o veículo circule entre os países sem pagar tarifa de importação.
“Há uma convergência em relação à conveniência da prorrogação do nosso acordo automotivo, que é, na nossa avaliação, um acordo extremamente equilibrado”, disse o ministro Armando Monteiro (Desenvolvimento).
A declaração foi feita após encontro entre Monteiro e Mauro Vieira (Relações Exteriores) com o lado argentino, representado por Alex Kiciloff (Economia) e Héctor Timernam (Relações Exteriores).
Condições
Monteiro disse que o tempo de validade do novo acordo “pode ser por mais de um ano” e afirmou que “ao que tudo indica”, ficam mantidos os termos atuais. Questionado sobre a flexibilização da regra de conteúdo local, ele reconheceu que o tema foi levantado, mas que não deve ser considerado no curto prazo.
“Há uma questão relacionada com a revisão dessa discussão, da regra de origem, mas ela não se coloca agora na perspectiva da prorrogação do acordo atual”. Reportagem da Folha de S.Paulo publicada nesta semana informou o interesse da Argentina em flexibilizar o acordo, exportando carros com mais peças chinesas e coreanas para o Brasil.
“Tivemos uma discussão sincera, aberta e ampla de todas as questões que nos envolvem, inclusive de algumas questões que são mais difíceis de resolver, porque temos uma relação tão intensa e densa que sempre vai haver algum tipo de dificuldade”, disse o chanceler Mauro Vieira.
Posição harmonizada
Monteiro afirmou ainda que o Mercosul tem uma posição “muito convergente” em relação ao acordo de livre comércio com a União Europeia. Segundo ele, o bloco quer estimular o lado europeu, no próximo mês, a fazer a troca de ofertas.
“Nós já temos uma posição harmonizada [no Mercosul]. E teremos essa iniciativa para instar a União Europeia a também fazer a sua oferta, de modo a que não fique nem de longe a impressão de que o Mercosul não tem uma posição harmonizada, convergente e firme em relação ao interesse que temos.”
Do lado argentino, Alex Kiciloff e Héctor Timernam agradeceram a “solidariedade” do Brasil em relação ao tema dos fundos abutres e apoiaram, a exemplo dos brasileiros, uma reforma em organismos internacionais, como o FMI (Fundo Monetário Internacional).