Túnis, Tunísia (AG) Um laptop de baixo custo pode ser comprado por governos de países subdesenvolvidos por US$ 100 (cerca de R$ 240) e distribuído em escolas públicas a crianças carentes excluídas da revolução tecnológica. Essa é a idéia do projeto do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, nos EUA), anunciado há alguns meses e cujo design final foi apresentado pela primeira vez na noite de quarta-feira, na Cúpula Mundial da Sociedade da Informação, na Tunísia.
O Brasil é um dos seis governos que estão interessados em debutar no projeto, ao lado de Nigéria, Egito, Índia, China e Tailândia. O ministro da Cultura, Gilberto Gil, confirmou a negociação, mas ainda não há previsão de acordo. O MIT diz esperar que o computador comece a ser distribuído pelo mundo no fim de 2006.
Movido a manivela, pilha ou eletricidade, o laptop de US$ 100 terá processador de 500MHz, 1GB de memória e acesso à internet por um sistema sem fios. Para quem não tem eletricidade ou recursos para comprar pilhas, a manivela é a alternativa. Um minuto de corda oferece pelo menos 10 minutos de conexão para recebimento de dados, podendo chegar a até 40 minutos de conexão. O MIT reconhece, no entanto, que a manivela não é satisfatória para o envio de dados.
O laptop pode fazer quase todas as operações de um computador normal, menos armazenar grande volume de dados. Ele foi montado com base num sistema operacional Linux, que é aberto e gratuito. O MIT estipulou um pedido mínimo de 1 milhão de máquinas e pagamento adiantado.
O presidente e fundador do Laboratório de Mídia do MIT, Nicholas Negroponte, esteve no Brasil em julho para apresentar o projeto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas disse que ainda não sabe ao certo se o Brasil fará a aquisição do equipamento. Segundo ele, Lula mostrou-se muito entusiasmado, mas os ministros envolvidos na negociação do projeto acabaram deixando o governo logo depois do encontro realizado em Brasília.
Segundo um estudo, o Brasil tem 23 milhões de usuários de internet. Em números absolutos, o país ocupa o décimo lugar no mundo. Mas ao se considerar o tamanho da população brasileira, afirmou o ministro da Cultura, Gilberto Gil, isso ainda é pouco. Outras cifras confirmam a brecha digital: na África há apenas três linhas de telefone fixo para cada cem habitantes. Vinte países detêm 80% da banda larga (internet de alta velocidade) mundial. E o número de usuários da rede no G-8 (o grupo dos sete países mais ricos do mundo mais a Rússia) é igual ao número no resto do mundo.
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