O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca hoje na Suíça para ser recebido amanhã no Fórum Econômico Mundial de Davos com o Brasil no topo: o país nunca foi tão elogiado. Mas um dos gurus do encontro, o economista Nouriel Roubini, que em 2006 previu a crise financeira mundial, alertou: o próximo presidente terá que fazer as reformas estruturais que Lula não fez, se quiser levar o país mais longe. Por exemplo: cortar o tamanho do governo.
"O tamanho do governo e da burocracia é muito grande. Há excessiva distorção em taxação e vocês precisam de investimentos de infraestrutura com uma combinação de investimentos privados e públicos", disse Roubini.
Kenneth Rogoff, da Universidade de Harvard, concorda. "Todo mundo sabe que isso é verdade: o Brasil conseguiu macroestabilidade e o próximo ítem na agenda é melhorar as perspectivas para o crescimento." Ele aposta que o Brasil vai ter uma "boa década", mesmo sem muita mudança, impulsionado pela estabilidade e pelos bons preços das commodities.
Sistema financeiro
O embate entre o mercado e os governos em torno da regulação do sistema financeiro também já ficou claro no Fórum de Davos. Enquanto diversos participantes aproveitaram o evento para criticar a recente proposta que taxa e limita a atuação dos bancos nos Estados Unidos, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, fez um forte discurso contra os abusos cometidos pelas instituições financeiras, a especulação e a elevada remuneração dos executivos.
"O papel dos bancos não é especular, é analisar os riscos e dar crédito", afirmou Sarkozy, apoiando a reforma do presidente dos EUA, Barack Obama. "Se o capitalismo financeiro deu tão errado é porque os bancos não estavam fazendo o seu trabalho."A reforma de Obama foi um dos temas mais comentados no primeiro dia do Fórum. A avaliação de boa parte dos participantes é de que o plano está baseado no populismo e não impede que novos problemas financeiros voltem a ocorrer.
O presidente da PricewaterhouseCoopers International, Dennis Nally, afirmou que os presidentes de empresas estão preocupados com um novo ambiente de regulação forte. "Há ainda muitas questões de transparência para resolver."
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