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indústria automotiva

Brasil e México vão renegociar acordo

Fábrica da Volkswagen em Puebla, no México: Brasil quer aumentar exigência de conteúdo local para seguir isentando os carros do imposto de importação | Imelda Medina/Reuters
Fábrica da Volkswagen em Puebla, no México: Brasil quer aumentar exigência de conteúdo local para seguir isentando os carros do imposto de importação (Foto: Imelda Medina/Reuters)

Brasil e México começam, na próxima semana, a renegociar o tratado automotivo entre os dois países, que está em vigor desde 2002. A decisão foi selada ontem entre a presidente Dilma Rousseff e seu colega mexicano, Felipe Calderón. "Queremos rever os termos do acordo. Isso vai ser feito em um prazo relativamente curto", disse o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel.

Durante a conversa telefônica de ontem, que durou cerca de 15 minutos, Dilma explicou ao colega mexicano os problemas identificados pelo Brasil na atual estrutura do tratado. "Calderón mostrou toda a abertura em rever os termos de negociação do acordo. No momento atual, o acordo, de fato, é desequilibrado contra o Brasil. Ele entendeu as razões que a presidente expôs", afirmou Pimentel – que, ao lado do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, acompanhou a conversa.

A ameaça de romper o tratado automotivo foi a forma encontrada pelo governo brasileiro para pressionar os mexicanos a retomar uma discussão mais ampla. Desde 2009, o Brasil negocia um acordo mais abrangente com o México, que engloba desde comércio até investimentos e compras governamentais. O fraco desempenho das exportações no início deste ano acabou servindo de estopim para que o governo elevasse o tom da discussão.

Sem ruptura

Pimentel negou que o governo estivesse interessado em uma "ruptura" do acordo. "Isso não se coloca. O que existe é uma cláusula de saída, que está prevista no acordo, que pode ser utilizada caso o acordo deixe de ser interessante. O que apontamos como uma possibilidade foi a utilização da cláusula de saída", disse.

A disposição, entretanto, é rever os termos do acordo. "Queremos aumentar o conteúdo regional na produção dos veículos, tanto no México quanto no Brasil, e ampliar o escopo do acordo, de forma que não seja apenas para automóveis de passeio, que inclua caminhões, ônibus, utilitários", explicou Pimentel. "Essas são as linhas gerais; mais que isso não seria oportuno avançar aqui e agora, antes de conversar com os mexicanos", acrescentou. O ministro da Economia mexicano, Bruno Ferrari, e a chanceler Pa­­trícia Espinosa devem viajar para o Brasil na próxima semana para tratar do assunto.

Montadoras nacionais "aceitariam" revisão

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, afirmou ontem que o setor aceitaria negociar uma mudança no acordo automotivo com o México. "Viemos manifestar que achamos o acordo muito importante para o nosso país. Confirmamos a necessidade de manter esse acordo", disse, após reunião de executivos do setor automotivo com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa.

Segundo Belini, durante a reunião, a possibilidade de uma revisão do acordo com o México foi tocada, mas ele informou que não havia uma conclusão sobre o tema. "Não entramos em detalhes técnicos. Agora vamos aguardar o governo fazer as suas avaliações e depois vamos conversar novamente", afirmou.

Esses encontros, de acordo com Belini, fazem parte do processo de reavaliação, mas ele enfatizou que os detalhes precisam ser estudados gradativamente. "Hoje existe um desequilíbrio na balança comercial, e é isso que está preocupando o governo", avaliou. Perguntado sobre a possibilidade de incluir também ônibus, caminhões e utilitários no acordo com o México, o presidente da Anfavea disse que já foi vista uma movimentação nesse sentido do lado do México. "Isso poderia ajudar [a balança comercial]", analisou.

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