O Brasil importa atualmente cerca de 60% dos produtos usados na fabricação de adubos - fósforo, nitrogenados e potássio. O volume está bem acima do que é importado por outros países com elevada produção de alimentos. A afirmação foi feita nesta segunda-feira (18) pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, após reunião da Câmara Temática de Insumos Agropecuários, realizada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

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"Entre os grandes produtores agrícolas do mundo, o Brasil é o que está mais dependente da importação de adubos, longe do segundo lugar. Normalmente, os grandes países produtores são auto-suficientes ou têm uma dependência de 10% a 20%. O Brasil tem uma dependência extremamente elevada", disse Stephanes.

Segundo o ministro, não há como mudar a situação a curto prazo, na medida em que não houve investimentos anteriores para reduzir a dependência. "Estamos pensando numa estratégia de médio e longo prazo, o que não foi feito no passado. [Se tivesse] não estaríamos, talvez, tão vulneráveis como estamos em relação tanto ao preço como até ao abastecimento."

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Para minimizar a situação imediata, disse Stephanes, o ministério tem estimulado a criação de organizações de cooperativas para que façam importações diretas e também realizem a mistura dos três produtos.

Ele informou ainda que o Brasil pretende fazer parcerias com outros mercados para produzir essas matérias-primas. "O Egito, por exemplo, vai aumentar sua produção de fósforo e está interessado em encontrar parceiros na exploração das suas minas e fazer contratos de médio e longo prazos para fornecimento do produto. Temos mais três países que estão em situação idêntica ao Egito", afirmou.

Na semana passada, o secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do Mapa, Célio Porto, disse que uma missão de técnicos e empresários seria enviada ao norte da África, "onde haveria grandes produtores dos três fertilizantes."

Em relação ao potássio, cuja dependência brasileira das importações chega a 91%, Stephanes disse que é preciso fazer análises mais profundas, técnicas e ambientais sobre as minas dos estados de Amazonas e Sergipe, mas levantou a possibilidade de um aumento da produção argentina, que poderia vir para o Brasil.

"Há a possibilidade de se acertar com a empresa Rio Tinto a aceleração do cronograma de exploração das minas de potássio da Argentina, porque aí elas poderiam, via Rio Paraguai, abastecer o Centro-Oeste brasileiro, já que nós temos ali um frete de retorno, porque exportamos minérios por aquela hidrovia e as barcaças voltam vazias", explicou.

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Para a safra que começa a ser plantada agora, o ministro disse que os fertilizantes representarão entre 30% e 50% dos custos de produção, dependendo da região. O valor varia porque, como a dependência das exportações é alta, quanto mais distante dos portos marítimos, maior será o preço final do produto.

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