Paraguai e Brasil retomarão as conversações para renegociar uma dívida de 19 bilhões de dólares da hidrelétrica binacional Itaipu, informou nesta segunda-feira o governo de Assunção.
O passivo de Itaipu é com a Eletrobrás e o governo do Paraguai tem manifestado discordância com os juros da dívida.
O presidente paraguaio, Nicanor Duarte, garantiu que o colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, comprometeu-se a retomar o diálogo após as eleições de domingo, quando foi reeleito para mais quatro anos com 60,8 por cento dos votos.
"As negociações sobre Itaipu ficaram, de certa forma, suspensas pelo processo eleitoral, e o compromisso é reiniciar o diálogo e chegar a um acordo sobre o tema depois da votação", disse Duarte a jornalistas.
Paraguai e Brasil são sócios na hidrelétrica, uma das mais maiores do mundo, construída na fronteira comum sobre o rio Paraná.
Segundo o governo paraguaio, a entidade que administra a companhia paga um juro anual de 7 por cento pela dívida, além de uma taxa de 5 por cento, indexada à inflação dos Estados Unidos.
Há alguns meses, Duarte havia declarado que a taxa adicional indexada, que governos anteriores ao seu aceitaram incorporar, era "imoral" e representava um "descalabro financeiro" para seu país.
O chanceler paraguaio, Rubén Ramírez Lezcano, disse, após uma reunião com Duarte, que os presidentes das duas nações poderiam celebrar um encontro bilateral durante a Cúpula Ibero-americana, que acontecerá em Montevidéu entre 4 e 5 de novembro.
O presidente paraguaio, que tenta reformar a Constituição para concorrer à reeleição em 2008, disse também que a vitória de Lula era um fato importante para o país e para a região.
"Foi uma grande vitória. Creio que é um fato importante para a continuidade (dos processos) que estamos levando adiante no Mercosul e bilateralmente", declarou.
Paraguai e Brasil são parceiros comerciais no Mercosul, junto com Argentina, Uruguai e Venezuela.