Brasil e Peru podem anunciar até o fim do mês a antecipação de um acordo de livre comércio entre os dois países que inclui o setor automotivo. Uma comitiva do governo brasileiro, capitaneada pelo ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, prepara vista ao país nas próximas semanas.
O entendimento faz parte de um esforço do governo de, em um momento de baixa na demanda interna, acelerar acordos comerciais com parceiros. Também neste mês o governo quer avançar nas negociações com a Argentina para fechar um acordo de livre comércio de veículos e autopeças médio prazo.
Estão sendo discutidos ainda novos acordos com Equador, além da ampliação dos entendimentos com os EUA e o México, além da troca de ofertas entre o Mercosul e a União Europeia, prevista para ocorrer em maio, e que deverá originar um acordo de liberalização comercial em até 15 anos.
O secretário de Comércio Exterior do MDIC, Daniel Godinho, confirmou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, as negociações com o país vizinho, mas disse que ainda não foi batido o martelo em qual setor serão zeradas as alíquotas de importação imediatamente.
“Estamos negociando um acordo amplo que compreende facilitação de comércio, serviços, investimentos, compras governamentais. Certamente nesse pacote haverá antecipação de livre comércio de alguns produtos”, afirmou.
Já há previsão de acabar com os tributos no comércio entre os dois países até 2019, mas a antecipação desse prazo está sendo negociada. Além do setor automotivo, há uma previsão de zerar as alíquotas pra o setor têxtil e de motocicletas em três anos.
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, disse que o mercado peruano é extremamente atrativo para o setor e vem crescendo há vários anos. “Estamos apoiando o governo brasileiro nas negociações com o Peru e torcemos muito para que a antecipação do livre comércio aconteça”, afirmou.
No ano passado, o Peru foi o 31º país de destino das exportações brasileiras, com um superávit comercial favorável ao Brasil de R$ 559 milhões.
Argentina
O governo brasileiro deve retomar na próxima semana as conversas com a Argentina para a renovação do acordo automotivo com o país vizinho – o atual, baseado em um sistema de cotas, vence em junho. O Brasil defendia a suspensão dos tributos para o setor, mas o governo do novo presidente Mauricio Macri tem restrições.
“O Brasil deseja chegar a um acordo que tenha uma visão de livre comércio, de futuro”, disse Godinho. “Para que isso se dê, precisamos tratar de temas fundamentais ligados à integração produtiva , o que nós concordamos. Estamos olhando para a mesma direção.”
De acordo com Moan, o setor automotivo brasileiro concorda com um acordo de longo prazo com os argentinos, desde que preveja o livre comércio. “Até porque eles estão em um novo governo, é necessário um período de transição. O importante é que os dois países se sintam confortáveis com a negociação”, disse.
O presidente da Anfavea, que deixa o cargo no fim do mês, está na expectativa ainda para a troca de ofertas entre o Mercosul e a UE. Para o setor automotivo, ele disse que deverá ser firmado um entendimento de longo prazo, mas não quis adiantar qual a perspectiva de prazo para zerar as alíquotas no comércio entre os blocos.
Moan será substituído na Anfavea pelo diretor de Assuntos Governamentais da Volkswagen, Antonio Megale, no dia 26 de abril.