A presidente Dilma Rousseff defendeu ontem uma atuação coordenada entre Brasil e Rússia em organismos internacionais, sobretudo os econômicos, após reunião com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Segundo Dilma, os dois países discutiram a conclusão de acordos para a criação de um banco de desenvolvimento e um fundo de reservas emergenciais durante a 6ª Cúpula dos Brics, que ocorre em Fortaleza.
"Nossos países estão entre os maiores do mundo e não podem se contentar em pleno século 21 com dependências de qualquer espécie", afirmou Dilma. A presidente defendeu ainda a necessidade de tornar o Fundo Monetário Internacional (FMI) um mecanismo "realmente multilateral e democrático".
Entre os acordos assinados ontem entre Rússia e Brasil, há um plano de ações para elevar o patamar de comércio bilateral entre os dois países, focado em áreas como agronegócio, energia, inovação e alta tecnologia, aeronáutica, indústria farmacêutica e turismo. Os dois países assinaram oito acordos, a maioria privados.
A presidente celebrou o plano de ação assinado entre os dois países para elevar o patamar comercial a US$ 10 bilhões por ano. A parceria engloba trocas comerciais e cooperações em defesa e no uso pacífico de energia nuclear. A presidente destacou que "na atual ordem multipolar é necessário adotar resoluções pacíficas para os conflitos", e elogiou a Rússia pela postura nas questões da Síria e do Oriente Médio.
Ela agradeceu a presença do presidente russo na Copa Putin assistiu à final do Mundial e também no encontro dos Brics, grupo integrado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que se encontra a partir de hoje para discutir, entre outros temas, a criação de um banco e de um fundo.
Em seu discurso, Putin afirmou que o Brasil é o seu principal parceiro econômico na América Latina. "Assinamos um grande pacote de acordos que estimula nossa cooperação nas mais diversas áreas. Nos últimos 10 anos, nossas relações dobraram, mas nosso comércio reduziu 2,2% no último ano. Por isso foi tão urgente falar em como resolvermos os problemas atuais", declarou.
Pacote
Entre os oito acordos assinados por Brasil e Rússia está uma cooperação técnico-militar, na qual as forças armadas brasileiras participarão de um exercício com as forças armadas russas naquele país. Também foi firmado um compromisso pela continuação das negociações de serviços aéreos entre os dois países. As secretarias de Fazenda do Brasil e da Rússia também fecharam um memorando para a troca bilateral de dados estatísticos de seus respectivos serviços alfandegários.
Na área energética, Petrobras e as russas HRT e Rosneft fecharam um protocolo de intenções sobre estudos de opções de monetização de gás do Projeto Solimões. Três memorandos foram firmados na área científica. Um com a Universidade Federal de Santa Maria, outro com o Instituto Tecnológico de Pernambuco e o último com o Instituto Butantan para a produção de vacinas.