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Mercado de bebidas

Brasil entorna água no chope da Ambev, mas há esperança no puro malte

 | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
(Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo)

A Ambev divulgou nesta quinta-feira (28) o balanço financeiro referente ao quarto trimestre de 2018. Apesar do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) acima das expectativas (R$ 7,5 bilhões), os resultados em geral decepcionaram parte dos analistas do setor pela inconsistência. A queda no consumo de cerveja e de não alcoólicos no Brasil freia o sentimento de otimismo.

O destaque positivo está na América do Sul, mas mesmo estes números não animaram os analistas. A receita líquida de R$ 3,4 bilhões, 9% acima do consenso do mercado, pode ser explicada por preços “poluídos”: 62% acima do estimado para o período em mercados como o argentino, de acordo com Leandro Fontanesi, analista do Bradesco BBI.

No Brasil, houve queda 2,1% no consumo de cerveja, e a Ambev estima que perdeu 40 pontos-base de participação de mercado nacional em 2018, depois de ter ganho cerca de 60 pontos-base em 2017. Em não alcoólicos, a queda foi ainda mais decepcionante: a queda no consumo foi de 10%, enquanto alguns analistas esperavam até mesmo uma alta.

Fontanesi acredita que o Brasil ditará o rumo para as ações da Ambev nos próximos meses, ainda que a queda na venda de cervejas da empresa seja provavelmente menor que a do mercado como um todo (estimada pelo analista em 3%). “Na nossa opinião, os resultados do trimestre não mostraram grande recuperação na tendência para as vendas de cerveja no Brasil”, escreve o analista em relatório.

Ele destaca, ainda, que a Heineken teve problemas nas entregas nos últimos meses do ano passado e cresceu apenas um dígito no Brasil, o que deveria ter sido positivo para a fabricante da Skol.

Soma-se às preocupações futuras o fato de as engarrafadoras brasileiras já estarem operando em capacidade máxima. “Isso pode limitar o volume de crescimento [no longo prazo]”, diz o analista ao justificar sua visão neutra para o papel.

Como melhorar os números

Em sua leitura do balanço, a analista da XP Research Betina Roxo destaca os planos da empresa para melhorar o Ebitda em 2019. Eles passam por portfólio robusto; capacidade de distribuição (ainda consideravelmente maior que a concorrência); cronograma de inovações; investimento comercial visando melhorar a experiência do consumidor; e equipe.

Vale lembrar que os custos de produção também devem aumentar. A Ambev espera que o custo total por hectolitro no Brasil aumente dois dígitos devido à depreciação do real e aos preços das commodities, lembra Betina. Para analistas do Itaú BBA, considerando os resultados positivos na Argentina mesmo com a inflação alta, a empresa parece estar preparada para esse aumento.

Cerveja premium

Há alguns meses, analistas batem na tecla de uma mudança nos hábitos de consumo de cerveja em território Brasileiro. Não à toa, os esforços publicitários da Ambev para o Carnaval está na Skol Puro Malte, lançada em meados de dezembro. A empresa ganhou uma fatia de mercado de 35% neste segmento ante 2017.

“A melhor performance pode ser atribuída ao avanço de Corona e Stella”, explica o Credit Suisse, destacando a possibilidade de crescimento no Ebitda graças aos preços mais elevados destes rótulos.

A ação da Ambev abriu em queda nesta quinta-feira, após os resultados. Às 10h15, era negociada a -2,02%, ante queda de 0,04% do Ibovespa. 

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