A presidente Dilma Rousseff disse nesta segunda-feira que o Brasil está preparado para enfrentar o agravamento da crise global.
Ela salientou que é preciso seriedade por parte do governo em relação aos gastos, mas prometeu que serão tomadas as medidas necessárias para que o crescimento econômico do país continue.
Dilma justificou sua avaliação citando o grande volume de reservas internacionais, o fato de os bancos brasileiros estarem "completamente robustos", do país ter depósitos compulsórios em quantidade suficiente para fazer frente a qualquer problema de crédito, e o forte mercado interno.
"É a segunda vez que a crise afeta o mundo e pela segunda vez o Brasil não treme", disse, confiante, a jornalistas após cerimônia de assinatura de acordos com o premiê canadense, Stephen Harper.
Mas a presidente ressaltou que apenas esses fatores não tornam o Brasil imune à crise. "Para a gente dizer que somos imunes à crise, é preciso a ação do governo, dos empresários e da sociedade. Uma ação de seriedade, de muita firmeza e sobretudo de percepção de que não podemos nesse momento brincar, sair por aí gastando o que não temos", argumentou.
A presidente acrescentou ainda que é fundamental ter "cautela" e que o Brasil pode adotar novas medidas. "Não vou dizer para vocês sim ou não (sobre adoção de novas medidas). Mas não estou vendo nessa semana nenhuma medida. O Brasil será muito criterioso", afirmou.
Por outro lado, de olho no motor do mercado interno, ela disse que "temos que continuar consumindo o que estamos consumindo... não temos de parar de consumir, porque não passamos por nenhuma ameaça". Mas fez questão de enfatizar que não vivemos numa ilha "isolados do mundo".
Os mercados acionários globais operavam em forte queda nesta segunda-feira, no primeiro dia útil após a agência de classificação de risco Standard & Poor's ter reduzido a nota da dívida norte-americana.
Pouco antes, durante a declaração à imprensa ao lado de Harper, Dilma apontou o unilateralismo e a falta de políticas fiscais como riscos à economia global. "Políticas monetárias unilaterais, insensatez política na condução da economia, ajustes fiscais não completados comprometem o crescimento da economia mundial e golpeiam o equilíbrio social e político de muitos países desenvolvidos. Quem paga a conta é o conjunto da humanidade", disse.
Mas criticou o rebaixamento da nota de dívida dos EUA. "Nós podemos deixar claro que não compartilhamos com a avaliação precipitada e um tanto quanto rápida e, eu diria assim, não correta da agência que diminuiu o grau de valorização de crédito dos Estados Unidos, a Standard & Poor's".
Dilma também criticou a "insensatez política" ao se referir aos Estados Unidos e a dificuldade que o presidente norte-americano, Barack Obama, teve no Congresso para aumentar o teto da dívida norte-americana.
"É fundamental para todos os países do mundo que Estados Unidos e Europa voltem a consumir, a investir", disse Dilma a jornalistas.
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