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Mercado de trabalho

Brasil fecha 2014 com a menor criação de empregos formais em 12 anos

Setor de construção civil foi o segundo que mais demitiu no país no ano passado, fechando 106 mil postos de trabalho | Carlos Bozelli/Jornal de Londrina
Setor de construção civil foi o segundo que mais demitiu no país no ano passado, fechando 106 mil postos de trabalho (Foto: Carlos Bozelli/Jornal de Londrina)

A criação de empregos com carteira assinada teve em 2014 o pior resultado da série histórica iniciada em 2002. No ano passado, foram gerados 397 mil novos postos de trabalho, desempenho 64,5% inferior a 2013, quando o saldo atingiu 1,1 milhão de vagas. O resultado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego, em Florianópolis, foi o menor em 12 anos e frustrou a previsão de criar 1,5 milhão de vagas feita pelo ministro Manoel Dias no início do ano passado.

Em Santa Catarina, sua base eleitoral, o ministro tentou minimizar o mau resultado ao atribuí-lo a algumas peculiaridades de 2014. "Houve uma campanha de que a Copa do Mundo não seria realizada, o que gera uma insegurança e retrai o investidor", disse. "Também tivemos eleições acirradas, que criaram uma ideia de que o Brasil vivia uma crise, estava quebrando. Isso criou uma expectativa em alguns setores." Mesmo longe de suas previsões, ainda assim Dias viu uma tendência positiva na performance. "O que é importante é que nos continuamos acrescentando postos de trabalho no estoque."

Em dezembro, o mercado de trabalho registrou encolhimento de 555 mil vagas. Foi o pior resultado para o mês desde 2008, quando estourou a crise econômica nos Estados Unidos. No mês, houve 1,176 milhão de admissões e 1,732 milhão de demissões.

Na avaliação do economista da Fundação Seade, Alexandre Loloian, coordenador da pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), o saldo do ano é muito baixo para um governo que previa resultados mais robustos. O desempenho do mercado de trabalho, segundo ele, ficou "muito aquém" do esperado, principalmente no fim do ano, a partir de outubro e novembro.

Em abril do ano passado, Manoel Dias afirmou que o governo Dilma Rousseff chegaria a um total de 6 milhões de empregos criados em quatro anos – o que também não virou realidade. Dilma fechou o primeiro mandato com saldo de 5,3 milhões de vagas. "Cinco milhões foi espetacular. O mundo está em crise", emendou o ministro.

O economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otávio de Souza Leal, avalia que o resultado do Caged mostra uma tendência de estagnação com viés negativo. "A situação tende a piorar ao longo de 2015, pois todas as notícias que temos são mais no sentido de eliminação de postos do que de contratações."

"Em um prazo relativamente pequeno, o Brasil vai retomar seu crescimento", garantiu Dias, em um tom mais otimista.

Na avaliação por setores, a indústria de transformação teve o pior desempenho no ano, com o fechamento de 163,8 mil postos de trabalho, seguido pela construção civil, com menos 106,4 mil vagas.

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