As decisões tomadas pelo governo Lula para aliviar o bolso do brasileiro em um momento de crise foram tímidas se comparadas às adotadas por alguns de nossos vizinhos. Levantamento da consultoria Ernst & Young com cinco países da América do Sul mostra que, mesmo com a criação de novas alíquotas 7,5% e 22,5% de Imposto de Renda (IR) no país, a classe média brasileira é a segunda mais tributada, perdendo apenas para a do Peru. Se consideradas as ações anticrise para preservação de empregos, o Chile sai na frente.
Embora com economias menores que a brasileira, argentinos e equatorianos foram apontados como mais ousados, por terem ampliado as deduções. No Equador, foi permitido deduzir gastos com educação, saúde, aluguel, além de alimentação e vestuário, com teto de US$ 10.250 anuais ou cerca de R$ 23 mil. Na Argentina, foi revogado o fator de redução das deduções que incidem sobre o IR, fazendo com que elas sejam integrais.
No Brasil, a principal medida na área fiscal para combater a crise foi a criação das faixas intermediárias de IR de 7,5% e 22,5%. As novas alíquotas já valem para os salários pagos ao longo deste ano, mas só terão efeito sobre a declaração de IR em 2010. Até 2008, eram três: isento, 15% e 27,5%. De acordo com a Ernst & Young, a mudança gerou alívio anual máximo de R$ 1.162,46 para as famílias. Proporcionalmente, os ganhos foram maiores nas faixas entre R$ 1.500 até R$ 3 mil por mês, a chamada classe média C na classificação da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Empregos
Se consideradas as ações para preservação de empregos, o Chile se destaca. Enquanto no Brasil o número de parcelas de seguro-desemprego foi ampliado, o governo de Michelle Bachelet permitiu a dedução de gastos com treinamento de empregados e deu incentivos fiscais para contratação de jovens.