Títulos - Tesouro capta R$ 750 milhões no exterior
Brasília O Tesouro Nacional conseguiu captar ontem R$ 750 milhões no mercado externo com a emissão de títulos atrelados ao real com vencimento em 2028. Os investidores receberão por esse bônus da dívida uma remuneração de 8,938%, a mais baixa para esse tipo de papel.
A operação, feita nos mercados europeu e norte-americano, foi considerada por técnicos do Tesouro como "ótima", já que a taxa de retorno paga ao investidor teve uma queda expressiva em relação à última emissão desse bônus, de 10,28% ao ano para uma colocação do mesmo montante, realizada em março.
No início da tarde, o ministro Guido Mantega já havia antecipado parcialmente o resultado da operação. "Estamos emitindo títulos de 20 anos, em reais, no total de R$ 750 milhões. A taxa de juros que estamos pagando é abaixo de 9%. A outra [emissão] foi de 10,28%. Essa é a vantagem de ser um país mais seguro."
Pelas regras de emissão da SEC (Securities and Exchange Commission, órgão regulador do mercado norte-americano), a operação não pode ser comentada antes da finalização do processo.
Brasília A agência de classificação de risco Fitch elevou o rating soberano do Brasil de "BBB- para "BB+, um nível anterior do chamado "investment grade (grau de investimento), classificação dada a países considerados seguros para se investir. A elevação do "rating favorece o fluxo de recursos para o país e deve estimular a desvalorização da taxa de câmbio.
Segundo a agência, o "upgrade reflete "a melhora significativa do balanço de pagamentos do Brasil apoiada por políticas macroeconômicas prudentes e o crescimento das reservas domésticas. No comunicado ao mercado, a Fitch também ressalva o acúmulo de reservas internacionais, o que contribui para aumentar a "resistência [do Brasil] a choques externos.
As reservas internacionais do país estão em torno de US$ 122 bilhões e, segundo as projeções da Fitch, devem exceder US$ 130 bilhões até o final do ano, o "equivalente a 150% da dívida externa de curto prazo.
Câmbio
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a melhoria na classificação de risco pode aumentar ainda mais a entrada de dólares no Brasil e classificou esta possibilidade como o "preço do sucesso".
O ministro admitiu que o Banco Central deve continuar a sua política de comprar dólares no mercado para aumentar as reservas internacionais do país e, ao mesmo tempo, minimizar a valorização do real. "Não há limite para o aumento das reservas. Se houvesse, nós não mencionaríamos. Por enquanto, o céu é o limite", afirmou Mantega.
Apesar da melhora na classificação brasileira, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em baixa ontem, com investidores embolsando lucros na esteira da forte queda de Wall Street. O Ibovespa caiu 2,08%, a 50.234 pontos. Foi a maior baixa desde 13 de março, quando o índice perdeu 3,40%. Na véspera, o Ibovespa tinha subido 2% e fechado aos 51.300 pontos.
A moeda norte-americana avançou 0,20% e fechou a R$ 2,023. Na véspera, o dólar havia encerrado no menor patamar desde fevereiro de 2001, a R$ 2,019.
Petrobrás
A Fitch também elevou ontem o rating da Petrobrás para "BBB-", primeira nota dentro do chamado grau de investimento, o que representa que a empresa tem ativos com baixíssimo risco de crédito. A Petrobrás já era classificada como grau de investimento pela Standard & Poor´s e pela Moody´s.
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