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Fórum Econômico Mundial

Brasil foi destaque em Davos, mas China e Índia ofuscaram

O Fórum Econômico Mundial, em Davos, terminou neste domingo num tom otimista por causa da retomada do crescimento mundial. Mas também alertou para uma série de riscos: a alta do preço do petróleo causando uma crise energética; o terrorismo; o agravamento da queda-de-braço entre Irã e Estados Unidos; e epidemias.

O Brasil se destacou nas reuniões paralelas sobre comércio mundial, já que é considerado um país-chave na negociação mais espinhosa da Organização Mundial do Comércio (OMC): agricultura. Mas o país desapareceu da agenda oficial do Fórum este ano. O cancelamento, na última hora, da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contribuiu para isso. Nem os empresários brasileiros foram numerosos: apenas oito.

Isso também se deveu, em boa parte, ao foco em Índia e China. Com os dois países disparando em crescimento econômico - o avanço da China foi de 9,9% em 2005 e o da Índia é estimado em 7,5% este ano - as atenções se concentraram neles.

- A Índia investe US$ 6 bilhões por ano em educação de indianos no exterior. Boa parte deles acaba fazendo estágio e também mandando dinheiro para lá. A Índia tem déficit na balança comercial, mas eles têm um grande fluxo de serviços e de remessas - disse o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, contando que visitou a universidade de sua filha, nos EUA, num domingo e, na biblioteca, só viu estudantes asiáticos.

Para José Carlos Grubisich Filho, diretor-executivo da petroquímica Braskem, o grande interesse das empresas em China e Índia vem do fato de que a maior parte delas não estava presente nesses países, que eram relativamente fechados, e agora há muitas oportunidades de movimentos estratégicos e aquisições.

- O Brasil está bem, só que China e Índia estão chamando mais atenção porque estão numa fase de transformação. Num ano eleitoral, todos os indicadores de confiança no Brasil são positivos. Isso é sinal de amadurecimento. O desafio do crescimento continua. Mas acho que o Brasil está na direção certa. Agora, é pisar no acelerador - disse o empresário.

Não foi só o Brasil que desapareceu: foi toda a América Latina. Na sessão de encerramento do Fórum, neste domingo, dois empresários lamentaram o esquecimento da região. Num jantar, o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo de Rato, insistiu: o ambiente macroeconômico na região está bom, mas falta crescimento. Joseph Stiglitz, ganhador do Prêmio Nobel de Economia, bateu nos juros, dizendo que o Brasil não está crescendo o bastante porque levou longe demais a política de combate à inflação.

O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, afirmou que o crescimento do país não depende só da instituição. Para ele, a política de juros está certa porque nada é pior do que a inflação. E rejeitou a comparação com China e Índia, lembrando que as estruturas são muito diferentes.

- É difícil fazer comparações com a China, que tem mais de um bilhão de habitantes, regime autoritário, sem benefícios sociais. Em última análise, um país que controla o suprimento de mão-de-obra. O exemplo para o Brasil, segundo Meirelles, é o Chile, que tem uma trajetória similar.

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