A Brasil Foods (BRF), empresa resultante da fusão de Sadia e Perdigão, terá uma base administrativa com cerca de 1,2 mil funcionários em Curitiba. A sede da "administração tática" da empresa de onde será feita a gestão de áreas como logística e infraestrutura de redes ficará em um terreno de aproximadamente 1,5 mil metros quadrados na BR-277, no bairro Mossunguê, onde antes funcionava o Capri Eventos. O terreno foi negociado por mais de R$ 5 milhões, segundo fontes envolvidas na operação.
As obras para a instalação da BRF devem ser concluídas até o fim do ano. A empresa não confirma a compra do terreno ou a nova sede, mas os funcionários dos setores que serão transferidos como logística, recursos humanos e tecnologia da informação já foram comunicados. Os que aceitaram a transferência estão em processo de mudança, com suas famílias, para Curitiba. A operação para a implantação da nova unidade começou em agosto, após a aprovação da fusão. A Sadia já tem uma central de distribuição e uma filial de vendas na cidade.
A união com a Perdigão compreende cerca de 200 ações, cujo objetivo é capturar as "sinergias" das duas empresas, que devem resultar numa economia de R$ 500 milhões ao ano, a partir de 2012. Pelo acordo assinado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a BRF terá de vender 12 marcas e outros ativos, como unidades produtivas e centros de distribuição. O comprador só poderá levar um lote fechado, que inclui as marcas Rezende, Doriana, Escolha Saudável, Fiesta e Light Ellegant, além de unidades como uma fábrica de margarina em Ponta Grossa e um abatedouro no interior do estado.
A Tyson Foods, maior processadora de proteína animal do mundo, estaria em negociações avançadas para comprar esses ativos. Em 2009, a Tyson adquiriu a paranaense Globoaves, de Cascavel, como parte de seu plano de expansão no Brasil. Nem Tyson nem BRF quiseram comentar a eventual negociação.
Para o analista Renato Prado, da Fator Corretora, a investida da Tyson "faz sentido". "Esses ativos da BRF são um veículo de entrada no país para o segmento de produtos industrializados. Para o comprador, é uma possibilidade de conseguir crescer com margens operacionais muito grandes, se comparadas às dos outros segmentos de proteína animal."
Segundo ele, os outros potenciais compradores JBS, Minerva e Marfrig não teriam capacidade de endividamento para financiar essa compra, estimada entre R$ 1,5 bilhão e R$ 3 bilhões. De acordo com o analista da SLW Corretora Cauê Pinheiro, a empresa que comprar os ativos da BRF será a segunda ou a terceira maior do mercado brasileiro no segmento.