Dilma volta a atacar "guerra cambial"
Ao receber ontem o titulo de doutora honoris causa, na Universidade de Nova Délhi, a presidente Dilma Rousseff falou dos objetivos comuns de Brasil e Índia em combater a miséria e trabalhar pelo desenvolvimento, e da grave crise financeira que "ainda provoca preocupação, pelo impacto que tem sobre as perspectivas de crescimento global".
Dilma lembrou que a crise teve origem no mundo desenvolvido e que ela não será superada por meio de meras medidas de austeridade, consolidação fiscal e desvalorização da força de trabalho, "menos ainda por meio de políticas expansionistas que ensejam uma guerra cambial e introduzem no mundo novas e perversas formas de protecionismo".
No texto previamente elaborado e distribuído pela universidade, em inglês, para os que participavam da cerimônia, a presidente citou o "tsunami monetário" provocado pelas políticas expansionistas. Mas ao discursar, omitiu a expressão.
Dilma voltou a defender a reforma das instituições de governança global, inclusive o Conselho de Segurança da ONU. Para ela, a necessidade da presença permanente do Brasil e da Índia nos organismos e fóruns que deliberam sobre a paz e a segurança global é hoje um consenso entre aqueles que prezam o multilateralismo.
A criação de um banco de financiamento exclusivo para os países dos Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que funcionaria como opção de financiamento de projetos de infraestrutura, foi o tema da reunião bilateral entre o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, e a presidente Dilma Rousseff, ontem. Ambos concordam que a criação serviria para suprir a limitação de investimento que existe hoje no Banco Mundial e no Fundo Monetário Internacional, relatou o porta-voz da presidente brasileira, Thomas Traumann.
Zuma acredita que o banco possa ser criado na próxima reunião dos Brics, na África do Sul, no ano que vem, para financiar projetos de desenvolvimento para os cinco integrantes do grupo, informou ainda o porta-voz brasileiro. "A presidente concordou e eles vão discutir e aprofundar a questão com os outros países na reunião [dos Brics, que começa hoje]", disse. Traumann acrescentou que Brasil, Índia, China, Rússia e África do Sul podem receber financiamentos com características diferenciadas. Não foi revelada, no entanto, qual seria a proposta de composição do capital.
Dilma e Zuma comemoraram ainda a vitória da concessionária sul-africana ACSA, uma das parceiras no consórcio vencedor no leilão do aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo. O encontro durou 50 minutos.
Custo da construção
R$ 750 milhões é o custo da construção e do lançamento de um satélite geoestacionário de comunicação para levar a banda larga a todos os municípios do Brasil, segundo o ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antônio Raupp, que fez o anúncio ontem, em Nova Délhi. O país vai propor à Índia uma cooperação técnica para o satélite.
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