Revisão
Metas para crescimento do turismo têm sido adiadas desde 2007
O Brasil vem reduzindo suas metas para o crescimento do turismo internacional no país em sucessivas revisões do plano nacional para o setor. Em 2007, a estimativa era bater 7,9 milhões de estrangeiros no país até 2010. O Plano Aquarela, lançado no fim de 2009 e com metas traçadas para o período 2010-2020, deslocou a previsão de movimento anual de quase 8 milhões de estrangeiros para 2015.
No planejamento para o período 2013-2016, a meta foi empurrada para o ano dos Jogos Olímpicos. A fatia prevista para o primeiro ano desse triênio não foi alcançada. Em 2013, o Brasil recebeu, de acordo com dados preliminares do Ministério do Turismo, 6 milhões de estrangeiros, ante 6,2 milhões previstos.
Má gestão
De novo, a falta de recursos e de planejamento atingiu o setor. De 2011 a outubro de 2013, os 13 escritórios da Embratur no exterior ficaram fechados. Os contratos com as firmas de promoção tinham expirado.
Um país continental, praias entre as mais bonitas do mundo, centros históricos de tirar o fôlego e gastronomia ímpar. Mesmo com esse cenário paradisíaco, o Brasil não consegue avançar na atração de turistas estrangeiros. Em 2000, entraram no país 5,3 milhões. Em 2013, foram 6 milhões. Foram precisos 13 anos para aumentar em 700 mil o número de visitantes de fora, ou 13,2%.
Os números da América do Sul dão a dimensão da lentidão brasileira na atração de turistas. No mesmo período, o aumento foi de 80,26%. A média mundial foi 57,7% no mesmo período. A vizinha Argentina conquistou quase o mesmo volume de turistas que o Brasil: 5,7 milhões no ano passado, apesar da crise que faz subir os preços por lá.
Uma série de razões justifica a velocidade de carroça no aumento do total de turistas estrangeiros que visitam o Brasil. Entre elas, segundo especialistas estão a distância de regiões como Estados Unidos e Europa, a exigência de visto e a dificuldade para obtê-lo, o investimento pífio em promoção no exterior, falta de planejamento, uso político e pouca importância dada à pasta do setor.
"A Embratur (braço do Ministério do Turismo para promover o Brasil lá fora) tem boa vontade, mas o orçamento é muito pequeno. Teria que ser de R$ 1 bilhão, para participar de mais feiras, desenvolver aplicativos de turismo, comprar horário no Discovery Channel", diz o especialista em transporte aéreo e turismo e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Respício do Espírito Santo.
E a verba vem caindo: encolheu 37% desde 2011, quando foi de R$ 188,4 milhões, chegando a R$ 117,3 milhões este ano. Em 2013 e 2014, recebeu R$ 28,3 milhões de outros órgãos do governo federal.
"Todo ano escuto a Embratur anunciar que o turismo internacional cresceu 8%, 10%, mas o número de turistas não muda. Temos um país continental, diversidade, gastronomia, clima. É uma incompetência total", afirma o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio (ABIH-RJ), Alfredo Lopes.
Entrave
No ranking mundial, o Brasil, que figura entre as dez maiores economias do mundo, ocupa a 45.ª posição em recepção de turistas estrangeiros. Ao longo dos anos, foi perdendo participação no turismo internacional, saindo de 0,7%, em 2000, para 0,5%, em 2012. Na América do Sul, também perde terreno. No início da década passada, respondia por 35% dos turistas na região. Em 2012, a fatia caiu para 21%.
O presidente da Embratur, Vicente Neto, reconhece que o desempenho do Brasil na atração de estrangeiros está longe do ideal. Mas diz que o mais importante é aumentar a receita com esses turistas, e isso o Brasil está conseguindo. No ano passado, chegou a US$ 6,7 bilhões, 272% acima do US$ 1,8 bilhão de 2000. Na América do Sul, a expansão foi de 159%.
"O número de turistas não é a principal questão. O foco é o que eles geram", defende.
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