Se for para contribuir financeiramente para a recuperação da Europa, o Brasil prefere fazê-lo aportando mais recursos no Fundo Monetário Internacional (FMI), para que o organismo multilateral transfira o dinheiro por meio de suas linhas tradicionais de empréstimo. Essa é o ponto de partida dos negociadores brasileiros que participarão na semana que vem da reunião de cúpula do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), na cidade francesa de Cannes.

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O Brasil prefere essa forma de atuação por considerá-la mais consolidada do que os outros mecanismos de ajuda que estão sobre a mesa. Além disso, os aportes adicionais ao FMI podem ser transformados em cotas do Brasil na instituição, aumentando seu peso nas decisões do organismo. Foi o que aconteceu com os US$ 10 bilhões que o País aportou no fundo em 2009.

O montante que o Brasil pode emprestar à Europa ainda não está definido, segundo os negociadores. Esse será um dos principais pontos de discussão na reunião do G-20: se o programa de recuperação europeia é consistente, se o apoio dos demais países será apenas político ou se envolverá recursos. E, nesse caso, quanto cada um colocará. A tendência é que seja uma ajuda coordenada dentro do grupo, a exemplo do que ocorreu em 2009.

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O Brasil tem mais simpatia por colocar recursos diretamente no FMI. Além da possibilidade de aumentar cotas, essa forma permite que o dinheiro seja emprestado não só aos europeus, mas a qualquer país que precise de ajuda como consequência da crise. No entanto, começou a ser discutida a possibilidade de o FMI criar um trust fund e esse, por sua vez, participar da nova sociedade de propósito específico, criada pelos europeus para atrair investimentos. Essa hipótese não está descartada a princípio pelo Brasil, mas os negociadores têm dúvidas. Por exemplo, quem assumirá o risco da aplicação.

Existe ainda a possibilidade de o Brasil investir diretamente na sociedade de propósito específico europeia. Porém, ainda há muitas dúvidas quanto à sua composição e funcionamento. É uma questão que o Banco Central brasileiro terá de analisar, segundo se comenta no governo.

Quebra de bancos

A reunião do G-20 também abordará outros temas que estão em discussão desde a crise de 2008-2009. Será aprovado um documento com uma lista de 29 bancos cuja atuação é global, e que na crise anterior foram considerados grandes demais para quebrar sem criar problemas para todo o sistema, e por isso os governos precisaram aportar grandes volumes de recursos para salvá-los. A ideia é criar condições para que eles possam quebrar, se for o caso. Haverá um plano de liquidação para cada um deles, e eles serão revisados a cada ano. Essas instituições terão de seguir exigências de solvência e de capital maiores do que as previstas em Basileia, de forma que elas serão estimuladas a diminuir de tamanho.

Além da ajuda à Europa, a reunião do G-20 deverá ser palco de mais pressões para que a China flexibilize sua moeda. Haverá, também, debates sobre como os países podem fortalecer suas políticas fiscais sem aprofundar a retração econômica.

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