Europa
Crise faz ouro bater recorde
Bruxelas - O ouro superou pela primeira vez na história o nível de US$ 1,6 mil por onça na Bolsa de Nova York, refletindo a aversão a risco entre os investidores, assustados com as crises na Europa e nos Estados Unidos. Dos dois lados do Atlântico, os mercados despencaram, diante do ceticismo em relação à saúde financeira dos bancos da União Europeia (UE) e o impasse sobre o teto da dívida americana.
Se a Grécia der um calote em sua dívida, muitos bancos europeus podem quebrar ou exigir socorro da UE.
Testes de estresse realizados com 90 bancos europeus na sexta-feira mostraram que oito precisarão ser recapitalizados. Mas o teste foi encarado com ceticismo, porque não avaliou o impacto que um calote teria nos bancos.
Analistas se debruçaram sobre os números e calculam que até 60 dos 90 bancos podem precisar de injeções de capital. Muitos dos bancos têm em carteira títulos que hoje estão sendo negociados a preços muito menores do que seu valor de face. Esses bancos, no entanto, ainda não fizeram a chamada "marcação a mercado", que mostraria o valor real dos ativos.
Joaquin Almunia, comissário de concorrência da UE, afirmou que os bancos vão a mercado para tentar se recapitalizar. "Se não conseguirem, um resgate oficial será necessário." Autoridades da UE estão estudando a adoção de um imposto sobre os bancos para para ajudar a Grécia, como uma forma de evitar uma intervenção direta nos bancos e a declaração de moratória.
Na quinta-feira, líderes da zona do euro vão se reunir em Bruxelas e muitos acreditam que pode sair daí uma declaração oficial de moratória da dívida grega. A bolsa de Londres teve queda de 1,55% e a de Milão, 3,06%. Nos EUA, o índice Dow Jones caiu 0,76%.
Quarto maior detentor de títulos públicos norte-americanos, o governo brasileiro diz que não está preocupado com o risco de moratória do governo Barack Obama, segundo afirmou ontem o vice-presidente, Michel Temer. Ele disse também que o Palácio do Planalto e o Ministério da Fazenda não discutem medidas emergenciais para rebater eventuais contaminações da economia com os problemas nos EUA e na Europa.
Temer disse que, a partir do relato do ministro interino da Fazenda, Nelson Barbosa, o governo brasileiro avalia que Obama vai conseguir aval do Congresso norte-americano para aumentar o valor da dívida. "Não analisamos eventuais medidas se eventualmente tiver crise. Não há essa preocupação no nosso país", disse Temer.
A avaliação do vice foi feita após reunião da coordenação política do governo, que discutiu a situação econômica internacional, em especial as dificuldades dos EUA. Participaram da reunião a presidente Dilma Rousseff, Temer, e os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça), Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Edison Lobão (Minas e Energia), Miriam Belchior (Planejamento), Helena Chagas (Secom), Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) e o secretário-executivo da Fazenda, Nelson Barbosa.
Exposição
O governo brasileiro está entre os maiores investidores em títulos americanos. Esses papéis são os principais destinos das reservas internacionais do Brasil, um seguro contra crises. Entre os oito maiores credores aqueles com mais de US$ 100 bilhões investidos , o Brasil foi o segundo que mais aumentou suas aplicações nos quatro primeiros meses de 2011 (11%). O porcentual está acima do crescimento total da dívida americana no período, o que significa que o Brasil elevou sua participação como credor do país.
Esse crescimento não está relacionado, no entanto, a um interesse maior pelos papéis que, por enquanto, são considerados o investimento mais seguro do mundo. O investimento brasileiro em títulos norte-americanos é de US$ 207 bilhões, o que representa 63% das reservas internacionais.
Esse porcentual foi maior antes da crise de 2008/2009 e se mantém praticamente constante. China (US$ 1,1 trilhão), Japão (US$ 907 bilhões) e Reino Unido (US$ 333 bilhões) possuem aplicações maiores.
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