O Brasil não injetará mais recursos no Fundo Monetário Internacional (FMI) enquanto não houver sinais de avanço nas reformas da instituição, que poderiam aumentar a participação de países emergentes no processo de decisões, disse nesta segunda-feira o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
O G20 -grupo das 20 principais economias do mundo- reúne-se nesta semana na véspera da reunião semestral do FMI e do Banco Mundial para discutir a possibilidade de um aporte extra de US$ 400 a US$ 500 bilhões.
Mantega, porém, antecipou a discussão e jogou um balde de água fria nas intenções do restante do grupo. "Não vamos colocar mais recursos [no FMI] para beneficiar os países avançados caso não haja comprometimento para levar adiante as reformas já decididas", afirmou o ministro em entrevista coletiva. "[O FMI] dá sinais de que não vai cumprir a agenda que nós aprovamos", acrescentou.
A crítica de Mantega ao andamento das reformas no Fundo foi feita quando ele anunciou o apoio do governo brasileiro à ministra das Finanças da Nigéria, Ngozi Okonjo-Iweala, na disputa pelo comando do Banco Mundial (Bird, na sigla em inglês). Uma hora depois, no entanto, o conselho da instituição global de fomento anunciou a escolha do coreano-americano Jim Yong Kim, indicado ao posto pelos Estados Unidos.
Mantega afirmou que o principal obstáculo às reformas do FMI é a oposição de países europeus que estão mergulhados em turbulência econômica. "Sinto reticência dos países europeus. Eles querem o dinheiro mas não querem levar avante as reformas", disse.
O ministro sustentou que, como os europeus estão no epicentro da crise financeira, eles mesmos deveriam se antecipar e anunciar um aumento do aporte de recursos no Fundo Monetário Internacional. No ano passado, discutiu-se a possibilidade de um aporte extra de US$ 600 bilhões no FMI para ajudar a combater a crise nos países ricos que sofrem com a desconfiança acerca da sustentabilidade de suas dívidas soberanas.
O montante discutido hoje está em cerca de US$ 400 bilhões, podendo chegar a US$ 500 bilhões, conforme mostrou a Reuters na última sexta-feira. O aporte de recursos no FMI deve ser um dos temas a ser discutido na reunião semestral da instituição e do Banco Mundial no final desta semana.
O governo brasileiro já fez um aporte de US$ 14 bilhões para aumentar a participação societária na instituição. O problema é que até agora esses recursos não foram revertidos em aumento de cota.
Banco Mundial
Pouco antes de o Banco Mundial escolher o candidato dos EUA à presidência, Mantega explicou que o governo decidiu apoiar a candidata nigeriana por falta de comprometimento do coreano-americano em ampliar espaços dos emergentes na instituição. "Queremos participação efetiva e influenciar nas decisões. Como vai atuar, para quem vai emprestar dinheiro, como vai combater a pobreza."
Apesar de o cargo ter ficado com um candidato indicado pelos Estados Unidos -mantendo a tradição de a instituição ser comandada por um cidadão norte-americano desde sua criação, depois da Segunda Guerra Mundial-, essa foi a primeira eleição que não teve unanimidade.
"Os candidatos receberam apoio de diversos países-membros, o que reflete o alto calibre dos candidatos", minimizou o Banco ao anunciar a decisão do conselho.
Kim assumirá o posto em 1o de janeiro para um mandato de 5 anos.
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