Londres - O Brasil está caminhando para uma crise de crédito como a que abalou os Estados Unidos em 2008, acredita Paul Marshall, gestor de recursos da britânica Marshall Wace e cogestor do fundo Eureka. Em artigo no site do Financial Times, ele caracteriza a expansão rápida do crédito no país, com elevadas taxas de juros, como uma "bolha". "A situação é tão preocupante quanto a crise do subprime nos Estados Unidos", diz. "Muito crédito está sendo empurrado pelos bancos a altas taxas aos consumidores, que no final não conseguirão pagas as dívidas", argumenta.
Nos últimos cinco anos, o crédito no Brasil cresceu 2,4 vezes mais que o Produto Interno Bruto (PIB). Normalmente, esse comportamento não seria um problema, já que o crédito representa apenas 46% do PIB do país, muito menos que o indicador de 165% nos Estados Unidos. No entanto, Marshall argumenta que os bancos no Brasil cobram uma média de juros de 25% ao ano, apesar da inflação de 6%. "O crédito no Brasil é punitivamente caro", afirma.
O pagamento de dívidas pelos consumidores atingiu 24% da renda disponível no Brasil e deve chegar a 30% em 2012, estima o gestor. Nos EUA, a crise explodiu quando esse índice bateu 14%. "O Brasil precisará de uma política habilidosa para administrar sua atual bolha de crédito sem perder o controle", escreve Marshall.
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