O Brasil perdeu cinco posições no ranking de competitividade global de 2007, afetado principalmente por uma das piores situações do mundo em eficiência do governo.
O Relatório de Competitividade Mundial, divulgado nesta quinta-feira, coloca o Brasil em 49o lugar em uma lista de 55 países, à frente apenas de África do Sul, Argentina, Polônia, Croácia, Indonésia e Venezuela.
"O fato de não estarmos melhorando no básico é que nos prejudica mais", afirmou à Reuters Carlos Arruda, professor de inovação e competitividade e pesquisador da Fundação Dom Cabral, responsável no Brasil pelo estudo publicado pelo International Institute for Management Development.
"O Brasil está nas piores posições do mundo em eficiência do governo... Esse é o grande vilão, porque é historicamente o pior e afeta todos os demais."
Entre os fatores que pesam sobre o país estão carga tributária elevada, custo do capital e necessidade de investimentos em infra-estrutura, pesquisa e inovação.
Segundo Arruda, uma estratégia de longo prazo para melhorar -e sustentar- a competitividade faz falta.
"O país tem ações, mas não um plano", afirmou o professor, citando como exemplo a chamada Estratégia de Lisboa, lançada em 2000 com o objetivo de melhorar o potencial competitivo de países europeus até 2010.
Algumas países da Europa voltaram às primeiras posições do ranking em 2007, o que pode estar associado à estratégia, segundo Arruda.
"O fato de termos o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e um plano de desenvolvimento da educação dá uma expectativa positiva para o Brasil, mas mudanças não acontecem de um ano para outro... O desafio é a implementação."
"EMPURRÃOZINHO" EXTERNO
O levantamento considera quatro pilares em sua avaliação.
A "Performance econômica" foi o que mais sofreu perdas de posicionamento em 2007. Arruda citou a relação ainda baixa no Brasil entre a corrente de comércio e o PIB, em torno de 15 por cento, frente a 30 por cento no Chile, por exemplo.
A "Eficiência do governo" ficou na penúltima posição, perdendo apenas para a Venezuela. O país perdeu lugar também nos pilares "Eficiência dos negócios" e "Infra-estrutura".
Dois novos países foram incorporados ao ranking, Ucrânia e Lituânia, o que também empurrou o Brasil para baixo na lista.
Questionado se o ganho de competitividade de outros países dificulta a situação brasileira, Arruda foi otimista. "Todos os movimentos são favoráveis ao Brasil. Com economias interligadas, isso gera oportunidade."
O professor citou que o crescimento no mundo abre espaço para melhorias também por aqui. "Temos oportunidade de contexto. Cabe o desafio interno."